sábado, 29 de junho de 2013

Projeto Fotográfico mostra “Natureza Intocada”, através das lentes de Sebastião Salgado

Sebastião Salgado é um célebre da fotografia brasileira, reconhecido mundialmente por suas fotos monocromáticas, belas composições expressivas e um olhar de águia documentarista. É um brasileiro a serviço da arte fotográfica e um fotógrafo a serviço da causa humanitária.

Apreensivo com o desgaste do planeta, questionando a singularidade do mesmo e dos lugares inóspitos não alcançados pela modernidade – virgens aos olhos da ganância do homem – Sebastião Salgado parte rumo a uma série de viagens, que o fez acumular material para, a posteriori, transformar no seu mais novo projeto: Genesis.

Dentre milhares de fotografias, Sebastião Salgado selecionou 245 fotos que transpassam uma atmosfera imaculada, de um planeta que – apesar de todo massivo e constante desgaste – cultiva lugares ainda preservados. Com uma boa dose valorativa, opino de maneira sentimental: Quando vi as fotos, me sensibilizei; alguém esperançoso sorriu dentro de mim, como se todas as afirmações constantes do mundo moderno, gladiador, que engole qualquer chão de terra e sensibilidade, ainda não tivesse vencido a batalha-do-mais-forte.

As fotos estão expostas no Museu do Meio Ambiente do Jardim Botânico no Rio de Janeiro, depois de ficar em temporada pelos ares londrinos. No mês de setembro, a exposição irá para São Paulo, e, em maio de 2014, para Belo Horizonte.

Sebastião Salgado viajou pelos lugares mais longínquos, entre 2004 e 2011, se deparou com tribos isoladas, montanhas, desertos suntuosos, terras gélidas, florestas selvagens e animais em extinção, climas, culturas e belezas das mais diversas, tudo pertencente a um mesmo embrião. Sebastião Salgado percorreu pela Antártida, Ilhas Galápagos, Nova Guiné, Indonésia, Madagascar, Etiópia etc.

O projeto exalta a imensidão do nosso planeta, mostra como somos ínfimos, perto da natureza. Sebastião Salgado guia nossos olhares a uma viagem de conhecimento íntimo com o lugar-comum que todos pertencemos e que, com consciência e compaixão, deveríamos preservar. Nem eu, e acredito que, nem Sebastião Salgado, estamos clamando falso ativismo em prol do planeta, não é um discurso hipócrita e tampouco é um discurso. Deixe que a imagem, que o poder da fotografia do Sebastião Salgado, fale mais que o texto acima, que a impulsividade de fazer pouco caso de toda e qualquer causa ecológica.

Genesis, como o nome sugere, nos faz pensar na origem, na formação dos seres, e as imagens do projeto exaltam o que há de mais esperançoso na humanidade. Ainda existe vida sem o sofrimento ecológico-social que o homem criou, sem os moldes e preceitos da modernidade.

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Noel Rosa - Coração (Samba Anatômico) 1932 1930s 1920s

Coração
Grande órgão propulsor
Transformador do sangue venoso em arterial
Coração
Não és sentimental
Mas entretanto dizem
Que és o cofre da paixão
Coração
Não estás do lado esquerdo
Nem tampouco do direito
Ficas no centro do peito - eis a verdade!
Tu és pro bem-estar do nosso sangue
O que a casa de correção
É para o bem da humanidade

Coração
De sambista brasileiro
Quando bate no pulmão
Lembra a batida do pandeiro
Eu afirmo
Sem nenhuma pretensão
Que a paixão faz dor no crânio
Mas não ataca o coração

Conheci
Um sujeito convencido
Com mania de grandeza
E instinto de nobreza
Que, por saber
Que o sangue azul é nobre
Gastou todo o seu cobre
Sem pensar no seu futuro
Não achando
Quem lhe arrancasse as veias
Onde corre o sangue impuro
Viajou a procurar
De norte a sul
Alguém que conseguisse
Encher-lhe as veias
Com azul de metileno
Pra ficar com sangue azul

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Série de fotos mostra o “Holocausto Brasileiro”: 60 mil mortes em Minas Gerais 1961 1960s

Por Dhyellen M. Peloia

Palco de uma das maiores atrocidades contra a humanidade no Brasil, o hospício conhecido como Colônia, em Barbacena (MG), violou, matou e mutilou dezenas de milhares de internos.

O que era antes um sanatório particular para tratamento de tuberculose passou a ser o primeiro hospital psiquiátrico de Minas, dando assistência para pessoas com todo tipo de problema psiquiátrico.

Com o passar dos anos, o tratamento dispensado aos pacientes passou a ser desumano e degradante, atingindo elevadas taxas de mortalidade.  O hospital Colônia tornou-se depósito de doentes e marginalizados, minorias. Alcoólatras, homossexuais, prostitutas, epiléticos, tímidos e até meninas que engravidavam antes do casamento eram mandadas para lá. Aproximados 70% dos pacientes não tinham doença mental alguma. Inevitavelmente, Barbacena ganhou o título de “Cidade dos Loucos”.

Os internos perdiam suas roupas e até o seu próprio nome. Viviam nus, comiam ratos, bebiam água do esgoto, dormiam ao relento e às vezes amontoados. Nas noites geladas, eram cobertos por trapos. Morriam pelo frio, pela fome ou por doença, que, na maioria das vezes, eram adquiridas pelos maus tratos. Em alguns períodos, chegou-se a registrar uma média de 16 óbitos ao dia.

A instituição tornou-se entreposto de comércio de cadáveres, sendo os corpos vendidos para faculdades de medicina. Quando não havia interessados na compra, os defuntos eram banhados em ácido no pátio, diante dos internos.

Em “Holocausto Brasileiro: Vida, Genocídio e 60 Mil Mortes no Maior Hospício do Brasil”, a jornalista investigativa da Tribuna de Minas, Daniela Arbex, conta as atrocidades da Colônia, reunindo em sete reportagens a rotina dos pacientes.

O objetivo do livro é fazer com que os brasileiros fiquem cientes do que aconteceu na época. Sem nenhuma forma de censura, mostra exatamente a classificação de “indesejado social”, estigma criado pelos governantes e pela população.

Abaixo, veja a divulgação do livro:

Realidade da Colônia era a de um campo de concentração, onde homens e mulheres morriam de inanição. Fotos: Luiz Alfredo (1961)

Maria Cibelle de Aquino passou mais de 50 anos internada em Barbacena. Foi uma das poucas sobreviventes. Morreu em setembro do ano de 2011. Fotos: Luiz Alfredo (1961)

 Revela cenário de horror de Hospital Colônia. Fotos: Luiz Alfredo (1961)

Pavilhão onde internos dormiam no “leito único”, nome oficial para substituição de camas por capim. Fotos: Luiz Alfredo (1961)

Mulheres eram mantidas em condições subumanas. Algumas eram mães. Ociosidade contribuía para morte social. Fotos: Luiz Alfredo (1961)

Luiz Alfredo, da Revista O Cruzeiro, em 61. Autor do conjunto de fotos do holocausto brasileiro. (1961)

Passavam o dia deitados no pátio do Hospital Colônia. Luiz Alfredo (1961)

Trapos humanos eram abandonados nos leitos sem acesso a remédios. Luiz Alfredo (1961).

Como não haviam colchões, pacientes dormiam sobre capim, sem condições de higiene, atraindo insetos. Luiz Alfredo (1961)

Com 16 óbitos ao dia, cadáveres eram retirados em carrinho de tração animal. Luiz Alfredo (1961)

Esgoto a céu aberto era fonte de água para internos. Luiz Alfredo (1961)

Carnes usadas para alimentar os internos eram cortadas no chão em área aberta. Luiz Alfredo (1961)

Crianças mantidas em Barbacena, juntamente com algumas mães que estavam internadas, em condição degradante. Luiz Alfredo (1961)

Homens e mulheres eram mantidos nus. Luiz Alfredo (1961)

José Machado, o Machadinho, em 1961. Fotos: Luiz Alfredo (1961)

Machadinho, em 2012, aos 81 anos. Resistência em meio século de internação. (2012)

Fonte

Noel Rosa - Gago Apaixonado 1930 1931 1920s 1930s

Mu-mu-mulher, em mim fi-fizeste um estrago
Eu de nervoso estou-tou fi-ficando gago
Não po-posso com a cru-crueldade da saudade
Que que mal-maldade, vi-vivo sem afago

Tem tem pe-pena deste mo-moribundo
Que que já virou va-va-va-va-ga-gabundo
Só só só só por ter so-so-sofri-frido
Tu tu tu tu tu tu tu tu
Tu tens um co-coração fi-fi-fingido

Mu-mu-mulher, em mim fi-fizeste um estrago
Eu de nervoso estou-tou fi-ficando gago
Não po-posso com a cru-crueldade da saudade
Que que mal-maldade, vi-vivo sem afago

Teu teu co-coração me entregaste
De-de-pois-pois de mim tu to-toma-maste
Tu-tua falsi-si-sidade é pro-profunda
Tu tu tu tu tu tu tu tu
Tu vais fi-fi-ficar corcunda!

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Noel Rosa - Filosofia 1920s 1930s

O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim
Não me incomodo que você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia

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Noel Rosa - Palpite Infeliz 1920s 1930s

Quem é você que não sabe o que diz?
Meu Deus do Céu, que palpite infeliz!
Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira,
Oswaldo Cruz e Matriz
Que sempre souberam muito bem
Que a Vila Não quer abafar ninguém,
Só quer mostrar que faz samba também

Fazer poema lá na Vila é um brinquedo
Ao som do samba dança até o arvoredo
Eu já chamei você pra ver
Você não viu porque não quis
Quem é você que não sabe o que diz?

A Vila é uma cidade independente
Que tira samba mas não quer tirar patente
Pra que ligar a quem não sabe
Aonde tem o seu nariz?
Quem é você que não sabe o que diz?

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Noel Rosa - Você Vai Se Quiser 1920s 1930s

Você vai se quiser...
Você vai se quiser...
Pois a mulher
Não se deve obrigar a trabalhar,
Mas não vai dizer depois
Que você não tem vestido
Que o jantar não dá pra dois

Todo cargo masculino
Desde o grande ao pequenino
Hoje em dia é da mulher
E por causa dos palhaços
Ela esquece que tem braços
Nem cozinhar ela quer

Os direitos são iguais,
Mas até nos tribunais
A mulher faz o que quer
Cada um que cate o seu
Pois o homem já nasceu
Dando a costela à mulher

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Noel Rosa - Com Que Roupa? 1930


Agora vou mudar minha conduta
Eu vou pra luta pois eu quero me aprumar
Vou tratar você com a força bruta
Pra poder me reabilitar

Pois esta vida não está sopa 
E eu pergunto: com que roupa?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?

Agora eu não ando mais fagueiro
Pois o dinheiro não é fácil de ganhar
Mesmo eu sendo um cabra trapaceiro
Não consigo ter nem pra gastar

Eu já corri de vento em popa
Mas agora com que roupa?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?

Eu hoje estou pulando como sapo
Pra ver se escapo desta praga de urubu
Já estou coberto de farrapo
Eu vou acabar ficando nu

Meu terno já virou estopa
E eu nem sei mais com que roupa
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?

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quinta-feira, 27 de junho de 2013

A Voz do Morro - Injúria 1960s

Pois é

Tudo começou assim
Alguém se vingou em mim
Inventando o que eu não pratiquei

Pois é

Só deus sabe o quanto amei
Por te amar tanto chorei
E chorando levo a coisa até o fim

Não sei como foste acreditar
Em mentira tão vulgar
De um sujeito tão vulgar também

Sofri a maior decepção

Tentarei te esquecer
Pois te amar foi ilusão
Não sei o que foi te derrubar
O castelo que eu fiz
Em meu castelo era tão feliz

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segunda-feira, 17 de junho de 2013

Carlos Castaneda - A erva do diabo - Os ensinamentos de Dom Juan 1968 The Teachings of Don Juan

Sábado, 08 de abril de 1962

Em nossas conversas, Dom Juan sempre usava a expressão “homem de conhecimento” ou referia-se a ela, mas nunca explicava o que queria dizer com isso. Perguntei-lhe a respeito.
- Um homem de conhecimento é aquele que seguiu honestamente as dificuldades da aprendizagem – disse ele. – Um homem que, sem se precipitar nem hesitar, foi tão longe quanto pode para desvendar os segredos do poder e da sabedoria.
- Qualquer pessoa pode ser homem de conhecimento?
- Não; não qualquer pessoa.
- Então o que é preciso fazer para se tornar um homem de conhecimento?
- O homem tem de desafiar e vencer seus quatro inimigos naturais.
- Ele será um homem de conhecimento depois de vencer esses quatro inimigos?
- Sim. Um homem pode chamar-se um homem de conhecimento somente se for capaz de vencer os quatro.
- Então, qualquer pessoa que conseguir vencer inimigos pode ser um homem de conhecimento?
- Qualquer pessoa que os vencer torna-se um homem de conhecimento.
- Mas há algum requisito especial que o homem tenha de atender antes de lutar contra esses inimigos?
- Não. Qualquer pessoa pode tentar torna-se um homem de conhecimento; muito poucos homens o conseguem, realmente, mas isso é natural. Os inimigos que um indivíduo encontra no caminho do saber para tornar-se um homem de conhecimento são realmente formidáveis; a maioria dos homens sucumbe a eles.
- Que tipos de inimigos são, Dom Juan?

Recusou-se a falar sobre os inimigos. Disse que se passaria muito tempo até que o assunto fizesse sentido para mim. Procurei manter a conversa e perguntei-lhe se ele achava que eu poderia tornar-me um homem de conhecimento. Respondeu que ninguém poderia dizer isso ao certo. Mas eu insisti para saber se havia algum indício que ele pudesse usar para saber se eu tinha ou não possibilidade de me tornar um homem de conhecimento. Falou que dependia da minha luta contra os quatro inimigos – se eu conseguiria derrotá-los ou ser derrotado por eles - , mas que era impossível prever o resultado dessa luta.
Perguntei-lhe se ele podia usar feitiços ou adivinhação para ver o resultado da luta. Declarou claramente que os resultados da luta não poderiam ser previstos por meio algum, porque tornar-se um homem de conhecimento era uma coisa temporária. Quando pedi que ele explicasse isso, respondeu:
- Ser um homem de conhecimento não tem permanência. Nunca se é um homem de conhecimento, não de verdade. Ou antes, a pessoa se torna um homem de conhecimento por um instante muito breve, depois de derrotar os quatro inimigos naturais.
- Você tem de me dizer, Dom Juan, que tipo de inimigos são esses.
Não respondeu. Tornei a insistir, mas ele mudou de assunto e começou a falar sobre outra coisa.

Domingo, 15 de abril de 1962

Quando eu estava me preparando para partir, tornei a lhe perguntar acerca dos inimigos do homem de conhecimento. Argumentei que ia passar algum tempo sem voltar, e que seria uma boa idéia escrever as coisas que ele tivesse a dizer e pensar a respeito enquanto estivesse fora. Hesitou um pouco, mas depois começou a falar:
- Quando um homem começa a aprender, ele nunca sabe muito claramente quais são seus objetivos. Seu propósito é falho; sua intenção, vaga. Espera recompensas que nunca se materializarão, pois não conhece nada das dificuldades da aprendizagem.

“Devagar, ele começa a aprender ... a princípio, pouco a pouco, e depois em porções grandes. E logo seus pensamentos entram em choque. O que aprende nunca é o que ele imaginava, de modo que começa a ter medo. Aprender nunca é o que se espera. Cada passo da aprendizagem é uma nova tarefa, e o medo que o homem sente começa a crescer impiedosamente, sem ceder. Seu propósito torna-se um campo de batalha.”

“E assim, ele se depara com o primeiro de seus inimigos naturais: o medo! Um inimigo terrível, traiçoeiro e difícil de vencer. Permanece oculto em todas as voltas do caminho, rodando à espreita. E se o homem, apavorado com sua presença, foge, seu inimigo terá posto um fim à sua busca”. 
- O que acontece com o homem se ele fugir com o medo?
- Nada lhe acontece, a não ser que nunca aprenderá. Nunca se tornará um homem de conhecimento. Talvez se torne um tirano, ou um pobre homem apavorado e inofensivo; de qualquer forma, será um homem vencido. Seu primeiro inimigo terá posto fim a seus desejos.
- E o que pode ele fazer para vencer o medo?
- A resposta é muito simples. Não deve fugir. Deve desafiar o medo, e, a despeito dele, deve dar o passo seguinte na aprendizagem, e o seguinte, e o seguinte. Deve ter medo, plenamente, e no entanto não deve parar. É esta a regra! E o momento chegará em que seu primeiro inimigo recua. O homem começa a se sentir seguro de si. Seu propósito torna-se mais forte. Aprender não é mais um tarefa aterradora. Quando chega esse momento feliz, o homem pode dizer sem hesitar que derrotou seu primeiro inimigo natural.
- Isso acontece de uma vez, Dom Juan, ou aos poucos?
- Acontece aos poucos, e no entanto o medo é vencido de repente e depressa.
- Mas o homem não terá medo outra vez, se lhe acontecer alguma coisa nova?
- Não. Uma vez que o homem venceu o medo, fica livre dele o resto da vida, porque em vez do medo, ele adquiriu a clareza... uma clareza de espírito que apaga o medo. Então, o homem já conhece seus desejos; sabe como satisfazê-los. Pode antecipar os novos passos na aprendizagem e uma clareza viva cerca tudo. O homem sente que nada se lhe oculta.

“E assim ele encontra seu segundo inimigo: a clareza! Essa clareza de espírito, que é tão difícil de obter, elimina o medo, mas também cega.

“Obriga o homem a nunca duvidar de si. Dá-lhe a segurança de que pode fazer o que bem entender, pois ele vê tudo claramente. E ele é corajoso, porque é claro; e não pára diante de nada, porque é claro. Mas tudo isso é um engano; é como uma coisa incompleta. Se o homem sucumbir a esse poder de faz-de-conta, terá sucumbido a seu segundo inimigo e tateará com a aprendizagem. Vai precipitar-se quando devia ser paciente, ou vai ser paciente quando devia precipitar-se. E tateará com a aprendizagem até acabar incapaz de aprender qualquer coisa mais”.
- O que acontece com um homem que é derrotado assim, Dom Juan? Ele morre por isso?
- Não, não morre. Seu inimigo acaba de impedi-lo de se tornar um homem de conhecimento; em vez disso, o homem pode tornar-se um guerreiro valente, ou um palhaço. No entanto, a clareza, pela qual ele pagou tão caro, nunca mais se transformará de novo em trevas ou medo. Será claro enquanto viver, mas não aprenderá nem desejará nada.
- Mas o que tem de fazer para não ser vencido?
- Tem de fazer o que fez com o medo: tem de desafiar sua clareza e usá-la só para ver, e esperar com paciência e medir com cuidado antes de dar novos passos; deve pensar, acima de tudo, que sua clareza é quase um erro. E virá um momento em que ele compreenderá que sua clareza era apenas um ponto diante de sua vista. E assim ele terá vencido seu segundo inimigo, e estará numa posição em que nada mais poderá prejudicá-lo. Isso não será um engano. Não será um ponto diante da vista. Será o verdadeiro poder.

“Ele saberá a essa altura que o poder que vem buscando há tanto tempo, é seu por fim. Pode fazer o que quiser com ele. Seu aliado está às suas ordens. Seu desejo é ordem. Vê tudo o que está em volta. Mas também encontra seu terceiro inimigo: o poder!

“O poder é o mais forte de todos os inimigos. E naturalmente, a coisa mais fácil é ceder; afinal de contas, o homem é realmente invencível. Ele comanda; começa correndo riscos calculados e termina estabelecendo regras, porque é um senhor.

“Um homem nesse estágio quase nem nota que seu terceiro inimigo se aproxima. E de repente, sem saber, certamente terá perdido a batalha. Seu inimigo o terá transformado num homem cruel e caprichoso.”
- E ele perderá o poder?
- Não, ele nunca perderá sua clareza nem seu poder.
- Então o que distinguirá de um homem de conhecimento?
- Um homem que é derrotado pelo poder morre sem realmente saber manejá-lo. O poder é apenas uma carga em seu destino. Um homem desses não tem domínio sobre si, e não sabe quando ou como usar seu poder.
- A derrota por algum desses inimigos é um derrota final?
- Claro que é final. Uma vez que esses inimigos dominem o homem, não há nada que ele possa fazer.
- Será possível, por exemplo, que o homem derrotado pelo poder veja seu erro e se emende?
- Não. Uma vez que o homem cede, está liquidado.
- Mas e se ele estiver temporariamente cego pelo poder, e depois o recusar?
- Isso significa que a batalha continua. Isso significa que ele ainda está tentando ser um homem de conhecimento. O indivíduo é derrotado quando não tenta mais e se abandona.
- Mas então, Dom Juan, é possível a um homem se entregar ao medo durante anos, mas no fim vencê-lo.
- Não, isso não é verdade. Se ele ceder ao medo, nunca o vencerá, porque se desviará do conhecimento e nunca mais tentará. Mas se procurar aprender durante anos no meio de seu medo, acabará dominando-o, porque nunca se entregou realmente a ele.
- E como o homem pode vencer seu terceiro inimigo, Dom Juan?
- Também tem de desafiá-lo, propositalmente. Tem de vir a compreender que o poder que parece ter adquirido na verdade nunca é seu. Deve controlar-se em todas as ocasiões, tratando com cuidado e lealdade tudo o que aprendeu. Se conseguir ver que a clareza e o poder, sem controle, são piores do que os erros, ele chegará a um ponto em que tudo está controlado. Então saberá quando e como usar seu poder. E assim terá derrotado seu terceiro inimigo.
“O homem está, então, no fim de sua jornada do saber, e quase sem perceber encontrará seu último inimigo: a velhice! Este inimigo é o mais cruel de todos, o único que ele não conseguirá derrotar completamente, mas apenas afastar.

“É o momento em que o homem não tem mais receios, não tem mais impaciências de clareza de espírito... um momento em que todo o seu poder está controlado, mas também o momento em que ele sente um desejo irresistível de descansar. Se ele ceder completamente seu desejo de se deitar e esquecer, se ele se afundar na fadiga, terá perdido a última batalha, e seu inimigo o reduzirá a uma criatura velha e débil. Seu desejo de se retirar dominará toda a sua clareza, seu poder e sabedoria.

“Mas se o homem sacode sua fadiga e vive seu destino completamente, então poderá ser chamado de um homem de conhecimento, nem que seja no breve momento em que ele consegue lutar contra o seu último inimigo invencível. Esse momento de clareza, poder e conhecimento é o suficiente.”

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Paradas de ônibus viram biblioteca no centro de Campo Bom (RS)

Projeto disponibiliza estantes com dezenas de livros em dois pontos centrais
A novidade na espera pela condução deixou os estudantes mais calmos antes de voltar para casa
Foto: Charles Dias / Especial

Uma ideia simples que pode mudar a vida de muitas pessoas sem acesso à cultura.
Em Campo Bom, as paradas de ônibus viraram centros de leitura de qualidade.

Ao lado do ponto, uma estante abastecida com diversos títulos oriundos de descartes da biblioteca municipal fazem os passageiros do município de 60 mil habitantes esquecerem, por instantes, as preocupações de mais um dia de trabalho ou aula.

Por enquanto, são duas estantes com 200 obras cada, nos dois pontos de maior circulação da cidade. Títulos como O Cortiço, de Aluísio Azevedo, Quincas Borba, de Machado de Assis, Risíveis Amores, do tcheco Milan Kundera, entre outros, entregam cultura aos acostumados com a monotonia da espera pelo ônibus.

Quem estiver caminhando pelos pontos da avenida Brasil ou da rua dos Andradas terá o direito de escolher um livro e levar para casa se quiser, com a obrigação de devolvê-lo no mesmo estado de conservação. Batizado como Cada Canto um Conto, o projeto não terá controle específico.

— Não há fiscalização, não há muros, grades. O objetivo é que as pessoas leiam. Campo Bom quer mostrar que a comunidade pode crescer junta — explica Juraci Reichert, coordenadora do projeto e supervisora administrativa do Complexo Cultural CEI, vinculado à prefeitura do município.

Para a estante permanecer o ano inteiro recheada de títulos, as doações poderão ser realizadas na hora, sem comprovante algum. Basta o cidadão levá-las para as estantes e permitir que pessoas como a auxiliar administrativa, Marisa Stein, aproveitem a chance de ler obras inéditas em suas vidas.

— É muito bacana. Pego o ônibus para ir ao supermercado e ele acaba demorando às vezes. É uma oportunidade de mantermos esse bom hábito que é a leitura — analisa.

Criançada se acalma ao folhear os títulos

O acervo das minibibliotecas atrai também as crianças que usam o transporte público para ir à escola. Antes, os pontos eram uma algazarra pela manhã, graças a ansiedade dos pequenos. Agora, o ambiente está silencioso. Mas seguem as brincadeiras.

— Eu peguei O Último Adeus de Sherlock Holmes (escrito por Sir Arthur Conan Doyle). Escolhi bem, né? Já ele ficou com um de menina — diverte-se Cauê de Oliveira, nove anos, aluno do quinto ano da Escola Municipal Dom Pedro II, apontando para o colega que colocou na mochila um exemplar de O Diário de Débora, de Liliane Prata.

Dependendo do volume de doações, a prefeitura irá levar o projeto para mais pontos. Segundo a organização, o extravio de obras não preocupa, pois 97% dos livros alugados na biblioteca municipal são devolvidos.

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Rebecca Brown - Prepare-se Para A Guerra 1998 Prepare For War

O mal alastra-se abertamente perante o mundo com uma intensidade tal que causaria um total espanto e horror ao cristão comum que abrisse os olhos para ver. Estamos tão ocupados, escondidos em nossa casa pequena mas confortável, e no pequeno templo de nossa igreja, e na multidão de nossos projetos; não podemos correr com velocidade suficiente para esconder os nossos olhos e ouvidos do que está acontecendo por aí. Através de todo meio de comunicação e pelas ações de milhões de pessoas, as proposições de Satanás chegam até nós de toda parte em voz bem audível e clara: " Sirvam-me, ou morram!"

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A Coragem de Confiar - O Medo é o seu pior inimigo - Roberto Shinyashiki 2009

Devemos orar sempre, não até Deus nos ouvir, mas até que possamos ouvir a Deus!
Um velho sábio, depois de uma vida inteira servindo a Deus e orientando seus irmãos em suas agruras pela Terra, um dia teve um sonho. Sonhou que encontrava Deus, assim, frente a frente, como dois bons amigos.
Deus o recebeu feliz e sorridente, do mesmo jeito que o sábio tinha a imagem Dele em seu coração. Abraçou-o e disse estar feliz por aquele encontro. Depois, colocou a mão direita sobre o ombro do homem e começaram a caminhar, enquanto falava com ele sobre a vida eterna e tirava suas dúvidas quanto aos Seus ensinamentos.
O encontro foi tão agradável que somente na hora de se despedir o sábio se deu conta de que estar pessoalmente com Deus era um privilégio único. Algo tão precioso que ele jamais havia pensado que seria digno de tal presente. Mas Deus estava ali, recebendo-o e atendendo-o em todas as suas dúvidas.
Respeitosamente, o homem dirigiu-se a Ele e disse, emocionado:
— Senhor, sou grato por ter-me recebido!
Foi quando o Pai, olhando-o nos olhos e sorrindo, respondeu:
— Sou eu que tenho de lhe dizer: “Sou grato por ter-me recebido!”
Foi então que o velho homem compreendeu o que Ele quis dizer com essas palavras: normalmente, nos afastamos tanto de Deus que não percebemos que Ele está sempre à porta da nossa casa, do nosso coração, esperando apenas que lhe digamos: “Entre e seja bem-vindo”.

Um homem havia perdido o emprego e estava totalmente endividado. Precisava arrumar trabalho urgente ou passaria fome com a família. Ligou para diversas empresas que conhecida, e nada. Em uma delas, a pessoa que o atendeu ao telefone disse: "Infelizmente não temos essa vaga que o senhor procura, mas...". Ele agradeceu e desligou, sem ao menos ouvir que a atendente iria completar a frase dizendo: "...mas temos outra vaga que talvez lhe sirva".
O homem visitou todas as empresas do ramo que conhecia. No seu desespero, mal conversava com as recepcionistas e já amaldiçoava sua falta de sorte. Sem nem mesmo ouvir o que as pessoas lhe diziam. Por duas vezes, virou as costas e saiu, no momento exato em que a pessoa lhe dizia que "Sim, temos uma vaga...".
No meio de seu desespero, ele imaginou que todas as portas estavam fechadas e não enxergou as portas que estavam abertas, apenas esperando que ele entrasse.

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sábado, 15 de junho de 2013

Charles Bukowski - Misto-Quente 1982 Ham On Rye

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Sidney Sheldon - A Herdeira 1977 Bloodline

 

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sexta-feira, 14 de junho de 2013

A evolução do programa de espionagem dos EUA

Do 11 de setembro ao PRISM: a escalada de espionagem do governo norte-americano. Programa de grampos a dados de milhões de pessoas foi legalizado por George W. Bush e referendado por Barack Obama

Há exatos 64 anos, era lançado 1984, a mais famosa das obras do escritor britânico George Orwell. No livro, Orwell faz o retrato de um governo repressivo e totalitário, cujo poder está baseado no controle e na vigilância sobre os cidadãos. Muitos dos termos usados pelo autor entraram para a cultura popular – o mais famoso deles é justamente o “Grande Irmão”, responsável pela vigilância dos cidadãos no mundo criado por Orwell.
O vazamento de documentos sobre a espionagem feita pelo governo norte-americano a seus cidadãos por meio do programa PRISM suscitou muitas críticas a Barack Obama. Principalmente porque o governo dos EUA obrigou operadoras de telefonia e empresas de tecnologia como a Verizon, a Apple, o Yahoo, o Google e o Facebook a fornecerem dados sigilosos sobre seus usuários. É impossível não fazer o paralelo com o “Grande Irmão”.
Programa de espionagem dos EUA começou na gestão de Bush e foi continuado com Obama (Foto: NBC)

A divulgação do PRISM em matéria do jornal britânico Guardian chocou a opinião pública mundial. Os documentos obtidos são de abril de 2013. No entanto, o PRISM não é causa, mas sim consequência de uma escalada da vigilância do governo norte-americano. Conforme os documentos vazados pelo grupo hacker Annonymous, o programa foi iniciado em 2007, ainda na administração de George W. Bush.
Segundo o governo dos EUA, a proposta do PRISM é filtrar comunicações e dados sensíveis ou perigosos transmitidos por servidores localizados no país. Mas como a maioria das empresas de tecnologia e de Internet está baseada em território norte-americano, o alcance do PRISM é muito maior. Segundo matéria do jornal Washington Post, um em cada sete relatórios da inteligência dos EUA é elaborado com dados obtidos pelo PRISM. Ainda segundo o jornal, 98% dos dados do PRISM provêm de Yahoo, Google e Microsoft.

O diretor da NSA (Agência de Segurança Nacional, na sigla em inglês), James Clapper deu uma entrevista nesta quinta-feira (06/06), na qual afirmou que os dados obtidos pelo PRISM (local, horário e duração dos telefonemas ou chats) não permitem o acesso ao conteúdo dos arquivos. Segundo Clapper, a coleta de dados faz parte do programa norte-americano de contraterrorismo e as informações não serão usadas contra nenhum habitante do território norte-americano.
Um pedido do procurador-geral ou do diretor da NSA dava início ao processo de coleta de dados. Os dados obtidos nos servidores das empresas de tecnologia eram retrabalhados pela Unidade de Interceptação de Dados do FBI e, então, reenviados para a NSA. Não apenas a coleta de dados é assustadora, mas o tipo de dado obtido.
Conversas via Skype usando um telefone convencional, mas também áudios, vídeos e chats feitos no programa de telefonia recém-adquirido pela Microsoft. Já o Google entregava os emails, chats, documentos armazenados no Google Drive e até mesmo as buscas feitas em tempo real. Em suma, o governo norte-americano tem acesso a quase toda atividade online dos usuários das grandes empresas de tecnologia. O Twitter parece ser a única dessas companhias a não colaborar na empreitada.
Basicamente, as empresas são pressionadas a fazer isso. Elas temem ações judiciais movidas pelo governo e também regulações federais mais duras contra seus serviços. As empresas de tecnologia citadas na matéria do Guardian negam participação no PRISM. A Apple e o Facebook dizem nunca ter ouvido falar da iniciativa do governo em coletar dados pessoais dos cidadãos.
No entanto, o cenário agora exposto já havia sido previsto por especialistas em liberdade de expressão e segurança digital. No livro Cypherpunks (Boitempo, 2013), Julian Assange, editor-chefe do site Wikileaks, discute com outros especialistas o seguinte fato: “a nova alavanca da geopolítica mundial consiste nos dados privados de milhões de cidadãos mundo afora”. Assim como o controle de reservas de gás permitiu à Rússia influenciar a Europa, o controle dos cabos de fibra ótica da infraestrutura global da Internet permitirá aos EUA influenciar cidadãos dentro e fora do seu território.

Legalidade da espionagem

Judicialmente, não há nada de ilegal na execução do PRISM. Após os atentados de 11 de setembro, ainda no primeiro mandato de George W. Bush , foi promulgado o Patriot Act. Assinado por Bush em 26 de outubro de 2001, o dispositivo permite a invasão de lares, espionagem, interrogatórios e torturas de cidadãos em caso de ameaça real ou hipotética de terrorismo contra os Estados Unidos.
Por conta da forte pressão da opinião pública, o governo Bush foi obrigado a abandonar o programa de vigilância eletrônica. A solução encontrada foi viabilizar uma maneira de continuar essa coleta eletrônica de dados. O Ato de Proteção da América, de 2007, tornou possível vigiar alvos caso fosse comprovável de que eles eram ameaças externas. A legislação foi renovada por Obama em dezembro de 2012.
A colaboração das empresas foi possível a partir de 2008, com emendas na FISA (Lei para Vigilância de Inteligência Estrangeira, na sigla em inglês). Com a emenda, as empresas de tecnologia não seriam mais processadas por danos morais caso tivessem que fornecer os dados dos usuários ao governo dos EUA. Foi a brecha legal para que as gigantes tecnológicas se sentissem “livres” para colaborar com o governo norte-americano.

Assange defende novas tecnologias de criptografia para evitar espionagem aos dados dos usuários da internet (Foto: AFP)

De acordo com o jornalista australiano, a privacidade dos dados dos usuários é um problema que transcende a geografia. Muitos governos mundo afora compram soluções de criptografia para não serem espionados pelo governo dos EUA. Mas muitos dos CEOs das empresas que vendem essas soluções de tecnologia são engenheiros da NSA, justamente a agência norte-americana envolvida na coleta dos dados.
Outros membros do Wikileaks foram assediados e interrogados por autoridades norte-americanas. Jacob Applebaum, cientista da computação e um dos fundadores do projeto Tor, sistema que permite navegação anônima na Internet, foi interrogado em aeroportos, submetido a revistas invasivas e teve seus equipamentos confiscados por conta do seu envolvimento com o vazamento de documentos feito pelo Wikileaks.
Em 14 de dezembro de 2010, o Twitter foi intimado pelo Departamento de Justiça dos EUA para revelar informações que poderiam ser relevantes para investigar o Wikileaks. A intimação era baseada na seção 2703(d) da Lei de Comunicações Armazenadas. Na prática, a intimação forçava a revelação de registros privados sem a necessidade de um mandado judicial de busca. Isso criou uma base legal para contornar a Quarta Emenda da Constituição dos EUA contra buscas e investigações arbitrárias.
Para Assange, a solução contra a vigilância está no desenvolvimento de novas tecnologias de criptografia, independentes das soluções tecnológicas criadas pelo governo e por empresas norte-americanas. A intenção do movimento cypherpunk, como salienta Assange, era a de proteger os usuários contra a vigilância do Estado, mas a tecnologia também pode ser usada para manter a autonomia de outros Estados ou, nas palavras de Assange, combater a “tirania do império contra a colônia”.
O paralelo entre a distopia prevista por Orwell e a vigilância realizada pelo governo dos Estados Unidos se mantém: a Internet, uma ferramenta da emancipação humana, está sendo transformada no mais perigoso facilitador do totalitarismo, sublinha Assange. A ideia do fluxo de informações é degradada pelas origens físicas da Internet. Quem controla as estruturas físicas da web detém também as suas informações. Para lutar contra esse domínio, só resta desenvolver novas ferramentas criptográficas, diz o hacker australiano.
Fazendo uma analogia com a estratégia de Mahatma Gandhi, Assange diz que a criptografia é a última forma de ação direta não-violenta. Ainda que um Estado impusesse uma violência física sem limites, seria incapaz de descriptografar os dados e ter acesso às informações. Com isso, seria possível aos cidadãos manter segredos e escapar da vigilância dos Estados.
Segundo os especialistas ouvidos por Assange no livro Cypherpunks, ao mesmo tempo que a Internet permite mais comunicação, ela também abre portas para mais vigilância. A tecnologia permite a coleta massiva desses dados. Ao divulgar nossas ideias na Internet, viramos informantes de nós mesmos.

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Vendas de 1984 explodem após escândalo de monitoramento dos EUA

Vendas de 1984 crescem 7000% após escândalo de monitoramento dos EUA
Câmeras por todos os lados. Observação 24 horas. Vigilância constante e punições severas. Um quarto de tortura que leva a pessoa à beira da insanidade. Crueldade, totalitarismo e poder. Embora este cenário se encaixe bem no mundo atual (ainda mais com protestos sendo duramente reprimidos em São Paulo), George Orwell já o previa desde 1949, quando publicou o profético “1984”. Citado ocasionalmente quando se fala de instalação de câmeras, controle do Estado sobre as pessoas e o “Big Brother” tolhendo a privacidade do cidadão, Orwell foi convocado pelos leitores mais uma vez.

Isso por que veio à tona um esquema gigante de monitoramento de dados telefônicos e da internet – evidentemente realizado na ilegalidade – operado pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos. A notícia foi tão impactante que “1984” automaticamente foi tirado das prateleiras ou, ainda, teve aumento de 7.000% nas vendas na Amazon, saindo da 12.859ª posição para a 184ª no ranking.

A situação é, de fato, grave. A insegurança gerada em todos aqueles que interpretaram esta notícia como um terrível ato de controle e repressão ao invés de, simplesmente, uma tentativa de proteção foi enorme e muitos começam a refletir sobre os limites do Estado.

Pensando nisso, é inevitável lembrar (pela segunda vez no mesmo ano, após a polêmica da maioridade penal) do incrível “Vigiar e Punir”, do filósofo francês Michel Foucault. Dentro muitas reflexões, a principal é sobre como a punição e a vigilância não têm o propósito de proteger, mas sim de educar e adestrar as pessoas para mantê-las dóceis e obedientes. A ideia de que há um perigo mortal para além de certas fronteiras desencadeia basicamente duas atitudes: obediência, que é almejada e incentivada pelo Estado repressor e protesto, que pode ser inibido ou punido através de penas, prisão, ou ainda os secretos “quartos 101” que existem mundo afora, sem que os obedientes ou temerosos da punição se importem ou desconfie.
Na mesma obra, Foucault ainda fala do “sistema panóptico”, no qual uma torre central em forma de anel permite a observação constante de todos e, ainda, a punição de todos aqueles, sendo um sistema do qual é impossível fugir e ao qual não é possível se opor.

Quando Orwell criou sua Oceânia, me atrevo a dizer que queria fazer com que as pessoas nunca trocassem sua liberdade de pensamento e existência por segurança ou proteção. No entanto, o que parece é que uma maioria ainda prefere a certeza da punição em troca de segurança do que garantir seu direito de liberdade. Que os muitos livros comprados sirvam para incitar uma reflexão no caminho contrário ao do comodismo e do “duplipensar”.

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Em defesa de Edward Snowden


Este analista de sistemas de 29 anos deixou para trás toda a sua vida: sua namorada, seu emprego e sua casa, para denunciar um chocante programa do governo dos EUA chamado PRISM. Esse programa leu e arquivou uma cópia de todos os nossos emails, mensagens enviadas pelo Skype, publicações no Facebook, e telefonemas durante anos. 

Quando o soldado Bradley Manning tornou público esse mesmo tipo de informação para o Wikileaks, os EUA o confinaram a uma cela solitária na prisão, nu e em condições que a ONU definiu como sendo "crueis, desumanas e degradantes". 

As autoridades e a imprensa estão decidindo como lidar com este escândalo. Se milhões de vozes em nossa comunidade apoiarem Edward nas próximas 48 horas, isso vai transmitir uma poderosa mensagem de que ele deve ser tratado como alguém corajoso por ter feito esse tipo de denúncia, e que o programa PRISM – e não ele – deve ser o alvo do ataque dos EUA.


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Homem é encontrado vivo após 60 horas no fundo do mar

Após quase 3 dias no fundo do mar, homem é achado vivo em banheiro de navio. Harrison Okene estava em barco que afundou na costa da Nigéria. ‘Ouvia os peixes comendo os corpos que boiavam ao meu lado’, conta

Harrison Okene, de 29 anos, estava no fundo do mar, dentro de um banheiro de um navio rebocador, quando foi encontrado por mergulhadores. Okene passou mais de 60 horas respirando graças a uma bolha de ar que se formou ali na hora do naufrágio, no dia 26 de maio, a 30 quilômetros da costa da Nigéria. Okene tinha certeza de que ia morrer.

Homem é encontrado vivo após mais de 2 dias no fundo do mar (Foto: Telegraph)

O cozinheiro de 29 anos estava dentro do rebocador “Jascon-4″ quando chuvas fortes atingiram o navio no oceano Atlântico. Das 12 pessoas a bordo, só ele foi encontrado com vida.
“Eu estava lá na água em total escuridão e tinha certeza de que era o fim. Fiquei pensando que a água ia encher a sala, mas isso não aconteceu”, disse o rapaz, que contou também que partes da sua pele estavam descascando após dias de imersão na água salgada.
“Eu estava com muita fome, mas, principalmente, com muita sede. A água salgada tirou a pele da minha boca”, disse ele.
Às 4h50, Okene diz que estava no banheiro quando percebeu que o rebocador estava começando a virar. Como a água entrou e o navio virou, ele forçou a porta de metal.
“Três rapazes estavam na minha frente e de repente a água entrou muito forte. Vi o primeiro, o segundo, o terceiro apenas sendo levados. Eu sabia que esses caras já estariam mortos”, disse ele à Reuters.

O que ele não sabia era que ele iria passar os próximos dois dias e meio preso no fundo do mar rezando para que ele fosse encontrado.
Para ser resgatado, Okene foi arrastado ao longo de uma estreita passagem entre o banheiro e o quarto. Para a surpresa dos mergulhadores, ele ainda estava respirando.

Peixes comendo cadáveres

Okene, vestindo apenas cueca, sobreviveu a cerca de um dia no pequeno banheiro, segurando a bacia virada para manter a cabeça fora da água, que só enchia uma parte do cômodo, permitindo com que o rapaz respirasse.
Ele sentiu que ele não estava sozinho na escuridão. “Estava muito, muito frio e estava muito escuro. Eu não conseguia ver nada”, diz Okene.
“Mas eu podia perceber que os corpos da minha tripulação estavam nas proximidades. E eu podia sentir o cheiro deles. Vieram os peixes e começaram a comer os corpos. Eu podia ouvir o som. Foi um horror.”
Okene não sabia que uma equipe de mergulhadores enviada pela Chevron e pelos proprietários do navio, a Ventures África Ocidental, estava à procura de membros da tripulação.
Na tarde de 28 de maio, Okene ouviu um som estranho. “Ouvi um martelo batendo no navio. Bum, bum, bum! Nadei para baixo e encontrei um dispensador de água. Puxei o filtro de água e martelei o lado do navio esperando que alguém me ouvisse. Então, o mergulhador me ouviu.”
Os mergulhadores invadiram o navio, e Okene viu a luz de uma lanterna, presa à cabeça de alguém que nadava em sua direção.
“Quando eu comecei a acenar, ele ficou chocado”, disse Okene. Ele pensou que estava no fundo do mar, embora a empresa afirme que a profundidade era de 30 metros.
A equipe de mergulho colocou em Okene uma máscara de oxigênio, roupas de mergulhador e um capacete para que ele conseguisse chegar à superfície, mais de 60 horas depois de o navio ter afundado.
O cozinheiro descreve a sua extraordinária história de sobrevivência como um “milagre”, mas a memória de seu tempo na escuridão ainda o assombra, e ele não tem certeza se um dia voltará para o mar.
“Quando estou em casa, às vezes parece que a cama em que eu estou dormindo está afundando. Acho que ainda estou no mar novamente”, diz Okene, balançando a cabeça.
“Eu não sei o que impediu a água de encher o cômodo. Eu só fiquei chamando por Deus. Ele me protegeu. Foi um milagre.”

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terça-feira, 11 de junho de 2013

Físico de Grilo - Eu Queria Ser Uma Lagarta (Jade Soares)

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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Arnaldo Antunes - Meu Coração 2010 Ao Vivo Lá Em Casa

[Refrão]
Meu coração bate sem saber
Que meu peito é uma porta que ninguém vai atender
Meu coração bate sem saber
Que meu peito é uma porta que ninguém vai atender

Quem sente agora está ausente
Quem chora agora está por fora
Quem ama agora está na cama doente
Só corre nunca chega na frente
Se chega é pra dizer vou embora
Sorriso não me deixa contente

E todas as pessoas que falam pra me consolar
Parecem um bocado de bocas se abrindo e fechando
Sem ninguém pra dublar
Eu já disse adeus antes mesmo de alguém me chamar
Não sirvo pra quem dá conselho
Quebrei o espelho, torci o joelho, não vou mais jogar

[Refrão]
Meu coração bate sem saber
Que meu peito é uma porta que ninguém vai atender
Meu coração bate sem saber
Que meu peito é uma porta que ninguém vai atender

Quem sente agora está ausente
Quem chora agora está por fora
Quem ama agora está na cama doente
Só corre nunca chega na frente
Se chega é pra dizer vou embora
Sorriso não me deixa contente

E todas as pessoas que falam pra me consolar
Parecem um bocado de bocas se abrindo e fechando
Sem ninguém pra dublar
Eu já disse adeus antes mesmo de alguém me chamar
Não sirvo pra quem dá conselho
Quebrei o espelho, torci o joelho, não vou mais jogar

[Refrão 5x]
Meu coração bate sem saber
Que meu peito é uma porta que ninguém vai atender
Meu coração bate sem saber
Que meu peito é uma porta que ninguém vai atender

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segunda-feira, 3 de junho de 2013

Erasmo Carlos - Jogo Sujo 2009

Com a dama escondida na manga
O mundo me chamou pra jogar
Vítima de tal esperteza
Pus a vida na mesa e resolvi jogar

Apostei no risco
Paguei e não vi
Morri na praia
E além de morrer, sofri

Mas se da vida nada se leva
Restava ainda um sonho pulsante
Chamei a dama do baralho
Fiz dela o meu atalho
E minha carta amante

Não quis nem saber
E a vida arrisquei
Pra mim o que importa
Foi a dama que eu ganhei

Todo jogo que se preza
De alegria ou de dor
Só vale se ele for honesto
Com o seu jogador

Se na selva o pássaro canta
Jamais vai ser porque ele voa
E sim porque se sente livre
Pro jogo do amor

Mas se ele perde
Pro seu predador
Feliz ele foi
Pelo menos enquanto jogou

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Francisco Alves - Aquarela do Brasil 1939

http://www.youtube.com/watch?v=H-y8TS7jbpY
Brasil, meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
O Brasil, samba que dá
Bamboleio que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Brasil!
Pra mim... Pra mim...

Ô, abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Brasil! Brasil!

Deixa cantar de novo o trovador
À merencória luz da lua
Toda a canção do meu amor
Quero ver essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil! Brasil!
Pra mim... Pra mim...

Brasil, terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiscreto
O Brasil verde que dá

Para o mundo se admirar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Brasil!
Pra mim... Pra mim...

Ô, esse coqueiro que dá coco
Oi onde amarro minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil! Brasil!

Ô, oi essas fontes murmurantes
Oi onde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar
Oi, esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil! Brasil!
Pra mim... Pra mim...

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Loreena McKennitt - The Bonny Swans 2006 Live

A farmer there lived in the north country
A hey ho bonny o
And he had daughters one, two, three
The swans swim so bonny o
These daughters they walked by the river's brim
A hey ho bonny o
The eldest pushed the youngest in
The swans swim so bonny o

Oh sister, oh sister, pray lend me your hand
With a hey ho a bonny o
And I will give you house and land
The swans swim so bonny o
I'll give you neither hand nor glove
With a hey ho a bonny o
Unless you give me your own true love
The swans swim so bonny o

Sometimes she sank, sometimes she swam
With a hey ho and a bonny o
Until she came to a miller's dam
The swans swim so bonny o

The miller's daughter, dressed in red
With a hey ho and a bonny o
She went for some water to make some bread
The swans swim so bonny o

Oh father, oh daddy, here swims a swan
With a hey ho and a bonny o
It's very like a gentle woman
The swans swim so bonny o
They placed her on the bank to dry
With a hey ho and a bonny o
There came a harper passing by
The swans swim so bonny o

He made harp pins of her fingers fair
With a hey ho and a bonny o
He made harp strings of her golden hair
The swans swim so bonny o
He made a harp of her breast bone
With a hey ho and a bonny o
And straight it began to play alone
The swans swim so bonny o

He brought it to her father's hall
With a hey ho and a bonny o
And there was the court, assembled all
The swans swim so bonny o
He laid the harp upon a stone
With a hey ho and a bonny o
And straight it began to play lone
The swans swim so bonny o

And there does sit my father the King
With a hey ho and a bonny o
And yonder sits my mother the Queen
The swans swim so bonny o
And there does sit my brother Hugh
With a hey ho and a bonny o
And by him William, sweet and true
The swans swim so bonny o
And there does sit my false sister, Anne
With a hey ho and a bonny o
Who drowned me for the sake of a man
The swans swim so bonny o

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