segunda-feira, 17 de junho de 2013

Paradas de ônibus viram biblioteca no centro de Campo Bom (RS)

Projeto disponibiliza estantes com dezenas de livros em dois pontos centrais
A novidade na espera pela condução deixou os estudantes mais calmos antes de voltar para casa
Foto: Charles Dias / Especial

Uma ideia simples que pode mudar a vida de muitas pessoas sem acesso à cultura.
Em Campo Bom, as paradas de ônibus viraram centros de leitura de qualidade.

Ao lado do ponto, uma estante abastecida com diversos títulos oriundos de descartes da biblioteca municipal fazem os passageiros do município de 60 mil habitantes esquecerem, por instantes, as preocupações de mais um dia de trabalho ou aula.

Por enquanto, são duas estantes com 200 obras cada, nos dois pontos de maior circulação da cidade. Títulos como O Cortiço, de Aluísio Azevedo, Quincas Borba, de Machado de Assis, Risíveis Amores, do tcheco Milan Kundera, entre outros, entregam cultura aos acostumados com a monotonia da espera pelo ônibus.

Quem estiver caminhando pelos pontos da avenida Brasil ou da rua dos Andradas terá o direito de escolher um livro e levar para casa se quiser, com a obrigação de devolvê-lo no mesmo estado de conservação. Batizado como Cada Canto um Conto, o projeto não terá controle específico.

— Não há fiscalização, não há muros, grades. O objetivo é que as pessoas leiam. Campo Bom quer mostrar que a comunidade pode crescer junta — explica Juraci Reichert, coordenadora do projeto e supervisora administrativa do Complexo Cultural CEI, vinculado à prefeitura do município.

Para a estante permanecer o ano inteiro recheada de títulos, as doações poderão ser realizadas na hora, sem comprovante algum. Basta o cidadão levá-las para as estantes e permitir que pessoas como a auxiliar administrativa, Marisa Stein, aproveitem a chance de ler obras inéditas em suas vidas.

— É muito bacana. Pego o ônibus para ir ao supermercado e ele acaba demorando às vezes. É uma oportunidade de mantermos esse bom hábito que é a leitura — analisa.

Criançada se acalma ao folhear os títulos

O acervo das minibibliotecas atrai também as crianças que usam o transporte público para ir à escola. Antes, os pontos eram uma algazarra pela manhã, graças a ansiedade dos pequenos. Agora, o ambiente está silencioso. Mas seguem as brincadeiras.

— Eu peguei O Último Adeus de Sherlock Holmes (escrito por Sir Arthur Conan Doyle). Escolhi bem, né? Já ele ficou com um de menina — diverte-se Cauê de Oliveira, nove anos, aluno do quinto ano da Escola Municipal Dom Pedro II, apontando para o colega que colocou na mochila um exemplar de O Diário de Débora, de Liliane Prata.

Dependendo do volume de doações, a prefeitura irá levar o projeto para mais pontos. Segundo a organização, o extravio de obras não preocupa, pois 97% dos livros alugados na biblioteca municipal são devolvidos.

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