domingo, 20 de agosto de 2017

A pobreza espiritual predominante no Brasil... (Thomas de Toledo)

A pobreza espiritual predominante no Brasil fica evidente quando vemos as referências religiosas que fazem fortuna com a ignorância social. Nada novidade em um país que se consagrou como o maior exportador de fé enganosa do mundo, onde sua maior multinacional é a Igreja Universal e seu maior expoente literário é Paulo Coelho. Por aqui tem INRI Cristo que fala que é Jesus. Tem Gideon que fala ser Lakota. Tem Hélio Couto que fala que é Akhenaton e que vende CD onde diz gravar "quanticamente" tudo o que pessoa pedir. Tem bispo Valdemiro vendendo vassoura pra limpar a casa do demônio. Tem Toninho do Diabo vendendo pacto com o capeta e saindo candidato pelo PSDB. Agora tem até "menino do Acre" falando que é Giordano Bruno e vendendo diários de adolescente como se fosse filosofia. Enquanto isso, as universidades federais e estaduais estão indo à falência com cortes de orçamento, as particulares virando loja de diplomas, a profissão de professor sendo transformada em bico e os cientistas brasileiros tendo que sair do país pra não virarem motorista de Uber. Como se não bastasse, escolhem o ator pornô Alexandre Frota e o pastor Silas Malafaia para promoverem a reforma educacional do ensino médio. Para quem acreditava que o iluminismo tinha vindo pra ficar, eis que voltamos à idade das trevas do obscurantismo na qual as religiões neopentecostais, o satanismo e o esquisoterismo encontram terreno fértil para imbelicizar as massas e ganhar dinheiro à custa da ignorância.

Quanto mais os estudos arqueológicos avançam, mais a bíblia se mostra obsoleta como referência histórica. O Êxodo foi escrito por hebreus na Babilônia no século VI aEC. Ele refere-se a um evento supostamente ocorrido 7 séculos antes e transmitido oralmente. Isso já o limita para ser reconhecido como histórico. Contudo, com a arqueologia, seu conteúdo fica ainda mais distante da realidade. A saga de Moisés não bate com o que a ciência descobriu. Os hebreus não poderiam ter sido escravos no Egito por que a escravidão só viria a ser implantada no país cerca de mil anos depois, já sob domínio grego. Geograficamente, seria deletério supor que os hebreus saíram de Per-Ramesse (no Norte), atravessarem o Mar Vermelho (no Sudeste) e chegarem na Palestina (no Nordeste). Também cai por terra o mito de que o primogênito de Ramsés II foi morto pela 10a praga, uma vez que sua ossada foi encontrada na tumba KV5 do Vale dos Reis pela equipe do Dr. Weeks. Ele faleceu com um ferimento de batalha (não por uma doença causada por uma anjo), já em idade adulta (não era um bebê). Entender o Êxodo como um livro religioso, simbólico ou mítico faz sentido para os seguidores de sua crença, mas tratá-lo como fato não bate com as evidências históricas. Hoje, a maior parte dos historiadores críticos tem clareza de que essa narrativa foi contada para se inventar um mito fundador e um passado glorioso para um povo que criava uma identidade e precisava justificar suas raízes como muito antigas. O Egito era a mais próspera e duradoura civilização do mundo antigo, logo, construir um mito a partir de lá fazia todo o sentido no contexto.

Thomas de Toledo

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