sexta-feira, 12 de maio de 2017

Da química à biologia - a explosão cambriana

O evento mais importante em toda a história da Terra foi a explosão cambriana. Antes dela, a vida resumia-se a seres unicelulares. Alguns cientistas acreditam que a vida surgiu no mar, a partir de uma sopa primordial capaz de formar células com aminoácidos originados desde o carbono; outros afirmam que ela pode ter vindo do espaço através de meteoritos e que aqui encontrou um ambiente propício a multiplicar-se. Mas o fato é que uma estrutura chamada ácido desoxirribonucleico (DNA) guarda a informação que se multiplica e que, através da mutação genética, faz com que o mundo seja povoado por formas de vida tão diversas. Depois de um lento processo de evolução, formaram-se os seres pluricelulares, com tecidos e órgãos. Mas houve algo que fez a vida explodir: a reprodução sexuada. Dessa grande orgia ancestral, surgiu a diversidade animal. Os peixes que saíram das águas tornaram-se anfíbios e logo evoluíram para répteis. Mas as mudanças climáticas levaram a uma onda de extinção em massa que quase erradicou a vida no planeta. Mas, uma vez estabilizado o padrão atmosférico, a vida voltou a proliferar. Os dinossauros reinaram por milhões de anos e algumas de suas espécies foram os maiores seres que habitaram o planeta. Sua extinção ocorreu por um fator exógeno: a Terra foi atingida por um asteróide o qual sua explosão equivaleu a milhares de bombas atômicas e a poeira levantada fez o sol desaparecer por muito tempo. Dessa segunda extinção em massa, pequenos roedores mamíferos sobreviveram e deles descendem os caninos, felinos, ursos, macacos, bovinos e humanos, por exemplo. Herdamos a coluna vertebral dos peixes e as nadadeiras tornaram-se braços e pernas. Dos répteis, guardamos parte da estrutura cerebral e a própria pele que agora não necessita de escamas. Dos mamíferos, herdamos os pêlos e a amamentação, e até mesmo os dentes frontais vieram dos roedores. Dessa linha evolutiva, surgiu um ser do qual todos os macacos e humanos descendem. Várias linhagens de humanóides desenvolveram-se como o Neandertal, mas o homo sapiens que surgiu nos desertos africanos espalhou-se por todos os continentes e foi a única que perdurou. Somos todos afrodescendentes. Por milhares de anos, a terra esteve coberta de gelo e a única forma de sobreviver era alojar-se em cavernas. O fim da última era glacial há 12 mil anos marcou a passagem do pleistoceno ao holoceno e a Revolução Neolítica caracterizou-se pela sedentarização que veio com a agricultura e a domesticação dos animais. Surgiram as primeiras civilizações. Várias experiências humanas e formas de sociedade foram verificadas. Até que século XVIII ocorre a Revolução Industrial e o mundo entra na fase do antropoceno. Os restos mortais de animais e plantas de milhões de anos começam a ser queimados na forma de petróleo. Pela primeira vez, uma espécie influi incisivamente na mudança climática e habita cada parte do planeta. Agora, essa espécie tem em suas mãos o poder de destruir o mundo ou de transformá-lo​ em um ambiente melhor para todos. Não apenas os humanos, mas todos os animais que no mais remoto passado guardam um ancestral comum ao nosso. Somos primos dos gatos, cachorros​, macacos, mas também de baratas, vermes e insetos. Está tudo registrado em nossos DNAs. Todos originados da explosão cambriana, que foi um imenso festival de combinação de poeira cósmica que marcou a passagem da química à biologia.

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