Como transmutar nosso karma
Todas as pessoas, em algum momento de sua vida, já ouviram falar do karma ou da lei do karma. No entanto, são poucas aquelas que sabem o que fazer para transformar seu karma negativo e se libertar dele. Nessa oportunidade vamos dar algumas orientações de como cada pessoa, em sua vivência diária, pode se libertar de seu próprio karma.
Karma é a lei de causa e efeito. Tudo aquilo que você faz, sente ou pensa você atrai para você mesmo. Aquilo que realizamos como obra no mundo retorna para nós como destino, criando acontecimentos e o cenário de nossa vida futura. Como disse Jesus: “Quem vive pela espada, perece pela espada” (mateus 26, 52). Como disse Buda: “Os seres têm como patrimônio seu karma; são os herdeiros, os descendentes, os pais, os vassalos do seu karma. É o karma que divide os homens em superiores e inferiores”. Quem cria uma teia acaba caindo e se prendendo a ela. Vivemos no mundo que nós mesmos criamos, experimentamos o céu ou o inferno que formamos em nossa vida. Quem joga pedras pelo caminho, tropeça nessas mesmas pedras. Quem joga uma bola na parede, ve a bola retornar a si com a mesma força com a qual foi lançada. Por outro lado, quem vive pelo bem, recebe as consequências do bem que produziu. Colhemos aquilo que semeamos. Ou como diz a máxima: “A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”. Tornamo-nos escravos das consequências de nossas ações. Criamos no presente aquilo que nos sucederá no futuro. Essa é a lei do karma, ou lei de ação e reação. O karma vem tanto de nossas ações presentes quanto das ações realizadas em nossas vidas passadas. Esse é um pequeno resumo da lei do karma.
Mas o que cada pessoa pode fazer para transmutar seu próprio karma? Essa pergunta obviamente não é simples de ser respondida, pois as implicações e a complexidade da lei do karma são imensas e quase insondáveis pela nossa mente objetiva. No entanto, existem alguns caminhos que podem ser trilhados que nos ajudam a amenizar ou mesmo transmutar nosso karma. Vamos enumerar alguns desses caminhos:
Em primeiro lugar, uma atitude que contribui para a transmutação de uma parcela considerável do nosso karma é o arrependimento. Quem bem compreendia o valor do arrependimento era, como ele mesmo se definiu, “a voz que clama no deserto”, ou seja, João Batista. Antes do ministério de Jesus, João Batista convidava o povo a se arrepender de seus pecados. Ele gritava: “Arrependei-vos, pois que é chegado o Reino dos céus” (Mateus 3, 2). As pessoas que procuravam João Batista confessavam a ele seus pecados e depois eram orientadas a se arrependerem desses mesmos pecados, e logo depois eram banhadas nas águas do rio Jordão no ritual que ficou conhecido como “batismo”. Esse ritual seguia três passos importantes: a confissão do pecado, o arrependimento e o ato de ser banhado nas águas do rio Jordão. A confissão dos pecados e o arrependimento eram uma forma da pessoa lembrar dos seus pecados, dos atos reprováveis que havia cometido e depois ser chamada a arrepender-se deles. O ato de ser banhado nas águas representava uma purificação das emoções que impregnavam o pecado. Dessa forma, no ritual, a pessoa se arrependia do mal que havia feito, e esse arrependimento gerava uma libertação desse mal. Alguns místicos ensinam que o arrependimento pode transmutar uma parte do nosso karma, mas não todo o karma. Dessa forma, a primeira atitude a ser tomada para aqueles que desejam purificar seu karma é o arrependimento do mal criado por si mesmos. Há algumas passagens na Bíblia que parecem confirmar esse ponto, em (Marcos 1:4), que diz: “E apareceu João batizando no deserto, e pregando o batismo de arrependimento, para remissão dos pecados”. Vemos a mesma ideia em (Lucas 3:3): “E percorreu toda a terra ao redor do Jordão, pregando o batismo de arrependimento, para o perdão dos pecados”. Nos Atos dos Apóstolos, há uma associação entre arrependimento e remissão dos pecados: “Deus com a sua destra o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados” (Atos 5:31). Portanto, aqueles que quiserem seguir por esse caminho, devem fazer o seguinte: em primeiro lugar, pense em qualquer atitude negativa que você haja feito. Em segundo lugar, arrependa-se dessa atitude, admitindo o erro e aprendendo com ele. Depois, entregue tudo isso a Deus e pratique o autoperdão, ou seja, o perdão perante você mesmo e remova qualquer resquício de culpa que você ainda possa ter. Aceite que o erro faz parte do nosso desenvolvimento espiritual e entregue seus pecados para serem transmutados pelo plano divino. Esse é o primeiro ponto a ser buscado.
O segundo ponto é provavelmente o mais importante de todos e se refere a “não reação” diante do karma que nos chega. Quando os efeitos do nosso karma se abatem sobre nós, eles não devem ser alimentados,e precisam apenas ser observados em sua passagem. Esse princípio da transmutação do karma foi claramente ensinado por Jesus, no Sermão da Montanha, quando disse: “Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra” (Mateus 5:39) e “se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas” (mateus 5, 41). Isso significa que, quando o karma nos chega, devemos aceita-lo de bom grado, abençoa-lo e não reagir ao malfeitor ou a situação que nos oprime, pois tudo isso nada mais é do que a ação do nosso karma sobre nós mesmos.
Isso significa que, quando uma pessoa te agredir, não a agrida de volta; quando uma pessoa te ofender, não devolva a ofensa; quando uma pessoa te fizer qualquer mal, não devolva esse mal a ela, pois assim você estará permitindo que seu karma passe por você e se esgote ali mesmo, sem ser alimentado. Mas se a pessoa ofendida devolve a ofensa, o karma se mantém; se a pessoa agredida agride de volta, o karma é alimentado e continua conosco (podendo até mesmo se tornar mais forte e intenso).
Tudo isso está expresso com clareza no Sermão da Montanha, que é um guia muito eficaz para a transmutação de nosso karma. Jesus, que obviamente conhecia a lei do karma e de reencarnação, ensinou um modo eficiente para qualquer pessoa, em sua vida diária, transmutar seu próprio karma. É como atirar uma bola na parede. Se uma pessoa joga a bola na parede, essa bola retorna a ela. No momento do retorno, se ela bater de novo nessa bola com a mesma força que ela vem a nós, a bola novamente atingirá a parede e retornará com a mesma intensidade, ou talvez com intensidade ainda maior. O mesmo ocorre quando uma pessoa reage diante de uma circunstância que lhe parece negativa. Quando a força do karma vem e reagimos, nós estamos, mesmo sem querer, alimentando o karma, dando força para ele, e aquela energia karmática retornará novamente mais cedo ou mais tarde no futuro. Ao reagir de forma emocional podemos até mesmo estar criando um novo karma.
Vamos agora imaginar a energia do karma como uma correnteza que nos arrasta. Quando uma pessoa vai de encontro a uma corrente lutando contra ela, sofrerá seus efeitos e permanecerá parada, ou será arrastada ainda mais. Por outro lado, quando essa pessoa se deixa levar sem nada fazer, talvez pelo medo que a paralisa, a corrente a arrastará e ela será conduzida rio abaixo. Mas se, de outro modo, ela se colocar acima da correnteza, estará fora de seu raio de influência e o arraste das águas não terá qualquer poder sobre ela. O mesmo ocorre com a força do nosso próprio karma. No entanto, é preciso dizer que não basta apenas não reagir ao mal que é feito: é necessário não se deixar levar pelas emoções que eles nos suscitam. De nada adianta não reagir e permanecer com raiva do nosso agressor, daquele que nos ofendeu, ou preocupado, com medo, magoado, etc. É preciso deixar que a força do karma venha e passe por nós, sem que haja qualquer reação de nossa parte, seja física ou emocional. É como deixar que a bola que atiramos na parede venha a nós e nos atinja, sem que isso nos afete internamente. Ou tão somente nos desviarmos da bola sem qualquer emoção, apenas nos esquivando. Ao invés de bater novamente na bola, deixe que ela venha e simplesmente cumpra aquilo que a ela está destinada. Se a pessoa deixa acontecer e não reage emocionalmente, não se deixa abalar, não se permite atingir pelo mal que lhe acomete, o karma vem e vai embora, sem qualquer efeito sobre nós e acaba sendo neutralizado: a energia se perde e deixa de existir. Aqui entra o princípio da equanimidade, tal como ensinado pela tradição Hindu. Esse princípio implica em agirmos e sentirmos da mesma forma tanto na tempestade quanto na bonança. O sábio não se deixa entristecer nos tempos de crise e não se regozija nos tempos de abundância. Ele permanece tranquilo diante do bem e do mal que o atinge. Os acontecimentos simplesmente passam por ele sem que fiquem nele, sem que ele os guarde dentro de si, sofrendo ou se alegrando. Alguns podem acreditar que isso implica numa frieza profunda, mas isso não é verdade: a equanimidade nos conduz além das alegrias e gozos mundanos, para alcançar uma alegria espiritual que não depende de nada que existe nesse mundo. Ao contrário dos gozos do mundo, esta é uma felicidade muito mais pura e real.
Quem soube usar muito bem esse princípio da transmutação do karma foi Gandhi. O Mahatma conseguiu a libertação da Índia convidando o povo indiano ao famoso método da não-violência, em Sânscrito “ahimsa”, ou seja, a não reagir à violência dos ingleses, mas também a não cooperar com eles, não obedece-los, não fazer o que eles mandavam. Quando os ingleses agrediam o povo, Gandhi orientava as pessoas a não revidar a agressão com outra agressão, e assim deixar o mal apenas com os ingleses. É como aquela parábola do presente: se você aceita o presente que te dão, ele fica com você, mas se você não aceita o presente, ele fica com a outra pessoa. Aquele que aceita uma agressão e não revida, deixa a agressividade, a raiva, etc, com o outro. Assim, se os indianos reagissem à agressão, o mal permaneceria com eles, e não apenas com os ingleses. Com esse método tão simples, Gandhi pôde conduzir a Índia a sua libertação, graças a transmutação de uma parcela do karma de toda a nação.
O terceiro ponto que nos ajuda a transmutar todo o nosso karma de uma ou várias vidas passadas é a reparação do erro cometido. Essa é a forma de transmutação mais conhecida e compreendida pelo público em geral. Vamos imaginar uma pessoa que ao longo de várias vidas tenha sido um guerreiro que matou, estuprou e torturou milhares de pessoas. Numa vida futura a providência divina pode lhe conceder um instrumento de transmutação desse karma, que pode ser, por exemplo, uma profissão na área de saúde, como a medicina, a enfermagem, a farmácia, a psicologia, etc. Uma enfermeira pode atender milhares de pessoas durante a sua vida, e estas podem ser as mesmas pessoas que ela, em vidas passadas, cometeu várias crueldades. Outras pessoas podem participar de campanhas beneficentes visando reparar o mal que fizeram no passado; outras podem realizar trabalhos em sua comunidade; podem ajudar animais de rua; podem se engajar em campanhas de diversos tipos; há muitos instrumentos que a inteligência cósmica nos oferece para que possamos consertar o mal pretérito. Alguns dizem que a mediunidade é também um instrumento de transmutação do karma passado. Muitos médiuns vêm ao mundo com a missão de ajudar milhares de pessoas a fim de diminuir um pouco, ou mesmo esgotar, uma dívida que foi gerada ao longo de várias vidas passadas.
Uma pergunta que as pessoas podem fazer é: como posso fazer o bem? Que ações devo iniciar? A resposta a essa pergunta varia de pessoa para pessoa, mas há uma resposta geral que é bem simples: faça aquilo que você acredita que seja o bem, dentro do seu nível de consciência. Tornar-se uma pessoa boa dentro do seu trabalho, de sua família, em suas relações sociais e diante de sua comunidade, expressando em atos e sentimentos todo o bem que lhe for possível, já é um grande feito. No entanto, é preciso que esse bem realizado seja total e plenamente isento de qualquer resquício de interesse pessoal. Tudo o que fizer, faça pensando no bem estar do outro e não na sua recompensa kármica. Isso inclusive tem a ver com o quarto ponto a ser abordado.
O quarto ponto é muito bem conhecido pela tradição hindu. Nos textos sagrados da tradição do “Sanatana Dharma” (Hinduísmo), em especial num livro sagrado conhecido como “Bhagavad Gitá” (Canção do Senhor), dos diálogos de Krishna com Arjuna, em muitos momentos o avatar (Krisna) vai desenvolvendo a seguinte ideia: não espere qualquer resultado de seus próprios atos. A expectativa de resultados é, sem engano, um grande gerador de novos karmas e, no Hinduísmo, ao longo dos milênios, esse princípio foi muito bem compreendido. Numa passagem lemos: “Faze as tuas obras sem procurardes recompensa, sem te preocupardes com teu sucesso ou insucesso, com teu ganho ou com teu prejuízo pessoal”. Em outra passagem está escrito “Quem atingiu a consciência do yogui é capaz de elevar-se acima dos resultados bons e maus”. A expectativa em relação aos resultados de nossas ações é o substrato da formação dos karmas em nossa vida. A não expectativa dos frutos de nossa ações é mais uma atitude preventiva para a criação de novos karmas do que propriamente transmutadora, embora também ajude nessa transmutação dos karmas já contidos em nosso ser. Todo aquele que realiza uma ação esperando uma recompensa está direcionando sua consciência para o futuro, onde se espera algo que supostamente virá. No entanto, aquele que nada espera e passa a viver apenas o presente, feliz com o que é no presente, vive melhor e não cria qualquer fruto a partir de suas ações, além de ir aos poucos transmutando o karma que ainda se tem. A vivência plena do momento presente, sem esperar algo no futuro, nos ajudará a transmutar uma parcela considerável do nosso karma. Esperar frutos de nossas ações é o mesmo que criar um sofrimento futuro, pois esses frutos nunca saem como nós os imaginamos, e sempre geram angústia, frustração e infelicidade.
O quinto ponto, e não menos importante para a transmutação de uma boa quantidade de nossa dívida kármica, se refere a entrega consciente e abnegada de nossa vida nas mãos da consciência divina, sem qualquer restrição, aceitando plenamente a vontade do cosmos sobre nós. Esse ponto é muito importante, pois ele afirma ou reafirma nossa fé numa inteligência superior que guia todos os acontecimentos humanos, e assim nos liberta de karmas pesados. Essa máxima pode ser expressa em quatro palavras chave: “confio, entrego, aceito e agradeço”. Quem confia em Deus, deve se entregar totalmente a Ele; quem se entrega, aceita tudo o que nos ocorre com total confiança nos planos divinos; e quem aceita toda a obra cósmica em nossa vida, agradece a oportunidade de desenvolvimento de nossa alma que Deus nos concede nesse mundo, a fim de purificar integralmente nosso espírito. Se tenho uma doença grave, não importa, não sofra com isso, não duvide, não se abale, apenas se entregue a Deus e diga “Que seja feita a Sua vontade, e não a minha”. Quem está desempregado, sem dinheiro, pronto para perder sua casa e ser despejado, não se preocupe, não se deixe abater, apenas entregue sua vida nas mãos de Deus, tendo consciência que os planos do cosmos são melhores que nossos planos humanos. Aquele que está deprimido, sem rumo, sem ânimo, que apenas vê os dias passarem, sem qualquer esperança, apenas se entregue ao divino e acredite, do fundo de sua alma, que tudo concorre a um bem maior, a um propósito divino, a uma harmonia universal, que um dia será nossa realidade, e que precisamos apenas entregar a Deus e esperar que sua vontade seja realizada. Quem consegue fazer isso de forma pura e plena, consegue uma libertação dos karmas. No entanto, aquele que mentaliza se entregar, mas não o faz com fé irrestrita, e age movido pelo interesse de benefícios humanos e mundanos, não conseguirá a libertação do karma. É preciso que essa entrega seja completa e sem restrições, sem nada esperar, apenas se colocando nas mãos de Deus. Aqueles que pensam que é muito difícil seguir estas instruções, devem entender que é muito mais difícil viverem suas vidas entregues a severa e implacável trama do karma.
Algumas pessoas dizem: “Fiz todas essas coisas, mas nada mudou em minha vida”. A quem profere tais palavras devemos adiantar que elas estão violando o quarto ponto explicado da transmutação dos karmas, que prega a não expectativa dos frutos de nossas ações. Aquele que faz esperando melhorar de vida, nada consegue, pois ainda semeia esperando uma abundante colheita, e quem pensa dessa forma, ainda permanece com sua consciência presa na expectativa dessa colheita, aprisionada aos frutos de suas ações, enjaulada nas tramas da lei do karma e na roda do samsara. É preciso deixar claro que esse trabalho pode nem mesmo vir a se concretizar na vida atual. É possível que um contexto mais favorável venha a se expressar apenas em nossas vidas futuras, ou como se diz nas tradições orientais, que a alma venha a renascer em zonas cósmicas que são consideradas paraísos celestiais, onde um nível de karma mais denso não pode alcançar. Aqui devemos lembrar um ditado popular que diz “Estrada de mil léguas começa nos primeiros passos”. Em algum momento devemos iniciar nossa jornada. Então, que esse momento seja agora e não no futuro, pois tudo na vida só pode ter seu início no presente, e nunca no futuro, pelo simples motivo de que o futuro não existe.
Procure também não se preocupar com o karma alheio dizendo “Mas tal pessoa fez o mal a vida inteira e ela parece estar numa condição muito boa”. A resposta a essa questão é bem simples: ela se encontra apenas temporaiamente numa condição favorável e confortável, e essa condição pode até mesmo durar sua vida inteira. Isso ocorre porque Deus sempre permite que os seres vivam a plenitude de suas escolhas, mesmo aqueles que fazem o mal. Essas almas precisam fazer o mal para depois sentirem em si mesmos todo o mal que foi realizado a outros, e só assim vão se libertar do mal que há em seu próprios corações. No entanto, nas próximas encarnações, ela deverá sentir em si mesma toda a carga da semeadura que acumulou ao longo dessa vida, renascendo em situações sofridas, com escassez de recursos, muitas vezes em estado de miséria, infortúnios e calamidades. Lembrando sempre que a lei do karma jamais pode ser considerada punitiva, mas educativa, pedagógica. Ela serve para ajudar a alma em seu adiantamento, desenvolvimento e libertação do jugo da matéria, e não para puni-la pelos maus feitos praticados, posto que não existe algo que podemos caracterizar como “punição” em toda a criação de Deus.
(Hugo Lapa)
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