segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Plantas indicadoras (plantas falam) - por Ana Primavesi

Retirado do livro "Pergunte ao Solo e às Raízes" de Ana Primavesi.
No final do post tem um link pra baixar um arquivo .doc com imagens das plantas (já que no livro não tem).

PLANTAS QUE INDICAM CONDIÇÕES QUÍMICAS
1. Amendoim-bravo ou leiteirinha (Euphorbia heterophylla): aparece especialmente em campos de soja e anuncia o esgotamento de molibdênio (Mo).
2. Ançarinha-branca (Chenopodium album): aparece frequentemente em campos de batatinhas com elevadas doses de nitrogênio, mas também em hortas adubadas com muito composto. Pelo excesso de nitrogênio se induz a deficiência aguda de cobre (Cu).
3. Artemísia ou losna-brava (Artemisia absinthium): por exemplo, ela cobria as pradarias norte-americanas superpastejadas. Também está tomando conta, após uma agricultura intensiva com enormes quantidades de NPK, da puszta, das pastagens húngaras, onde criavam seus famosos cavalos, indicando a salinização e um pH elevado, entre 7,5 a 8,5.
4. Azedinho ou oxalis (Oxalis oxyptera): trevinho de folhas azedas que facilmente aparece nos gramados em São Paulo, indicando uma falta aguda de cálcio (Ca).
5.  Babaçu (Orbignya speciosa): a frequência dessa palmeira indica o grau da formação de cerrado. Por exemplo, atualmente, aparece com frequência na região de Altamira onde, há 30 anos, ainda havia mata fechada.
6. Bacuri (Platonia insignis): indica um solo de cerrado fértil.
7. Beldroega (Portulaca oleracea): é uma planta que indica solos férteis, mas de baixa “capacidade de campo” (capacidade máxima do solo em reter água).
8. Capim-caninha ou capim-colorado (por causa de seus colmos alternadamente verdes e vermelhos – Andropogon incanus): indica solos encharcados durante a época de chuvas e deficientes em fósforo (P). Neste estado, encana logo após a brotação e é considerado um capim inútil e indesejável. Porém, quando recebe fósforo, permanece tenro durante muito tempo e é boa forrageira.
9. Capim-colchão (Digitaria sanguinalis e D. horizontalis): sempre indica a deficiência de potássio (K).
10. Capim Sporobulo (Sporobolus poiretii): capim muito pobre, aparece em pastagens deficientes em molibdênio (Mo).
11. Carrapicho-de-carneiro (Acanthospermum hispidum): aparece facilmente em lavouras de feijão, e indica a deficiência em cálcio (Ca). Feijão deficiente em cálcio resiste menos a períodos secos e é facilmente atacado por antracnose.
12. Picão-branco ou fazendeiro (Galinsoga parviflora): aparece especialmente em hortas bem providas de composto e indica a deficiência em cobre (Cu).
13. Dente-de-leão (Taraxacum officinale): somente aparece em solos férteis, bem providos em boro (B).
14. Erva-lanceta ou mãe-de-sapé (Solidago microglossa): tem esse nome porque indica um pH 4,5, e que é 0,5 ponto maior do que o do solo onde aparece o capim-sapé.
15. Língua-de-vaca (Rumex obtusifolius): somente ocorre em solos férteis com excesso de nitrogênio orgânico e, portanto, com deficiência em cobre (Cu).
16. Mio-mio (Baccharis coridifolia): invade os solos da fronteira do Rio Grande do Sul. É tomado como sinal de solos rasos e pedregosos, e é usado pelos caçadores como guia no meio das pastagens encharcadas. Indica deficiência de molibdênio (Mo).
17. Nabisco ou nabo-bravo (Raphanus raphanistrum): aparece com facilidade em lavouras de trigo e, muitas vezes, é tomado como índice de campo sujo. Na verdade, é o indicador da deficiência de boro (B) e de manganês (Mn) esgotados pelo trigo.
18. Rubim (Leonurus sibiricus): indica a deficiência de manganês (Mn), mas como é um ótimo remédio para o estômago e raramente aparece em grandes quantidades, quase ninguém se incomoda com sua presença.
19. Samambaia-de-tapera (Pteridium aquilinum): é muito comum nos pastos, especialmente na região do cerrado. Indica um excesso de alumínio (Al), porém, quando grande e viçoso, indica solo rico em outros nutrientes e, quando pequeno, o solo é pobre. Em pastagens é nefasto, porque seus brotos têm um veneno cumulativo que causa sangramentos até a morte do gado. Cafeicultores gostavam dele, usando-o como mulch (cobertura morta), porque diziam que evita nematóides.
20. Sapé (Imperata brasiliensis): é um capim muito ácido com excesso de alumínio (Al), indicando um pH 4,0. Embora as éguas o comam sem problema, apresentando-se bem nutridas e reluzentes, ele causa uma desmineralização total dos potros, que leva à poliartrite e à morte.

PLANTAS QUE INDICAM CONDIÇÕES FÍSICAS   
1. Assa-peixe (Vernonia spp.): presente onde há queimadas frequentes e solo duro e adensado a partir de 3 a 4 centímetros de profundidade (raízes superficiais).
2. Babaçu (Orbignya speciosa): indicador da formação progressiva de cerrado. Dizem: quanto mais pés de babaçu, mais avançada a “cerradificação”.
3. Cabelo-de-porco (Carex spp.): aparece em áreas queimadas com muita frequência e que não deixam plantas estoloníferas permanecerem. Solo ácido.
4. Capim-amargoso (Digitaria insularis): surge onde existe uma camada impermeável em mais ou menos 60 a 80 centímetros de profundidade, causando erosão subterrânea ou estagnação de água.
5. Capim-arroz (Echinochloa crusgalli): aparece onde existe uma camada “reduzida” no solo, na qual os nutrientes perdem seu oxigênio e se juntam ao hidrogênio, podendo tornar-se tóxicos.
6. Capim-cabeludo (Trachypogon spp.): comum em Roraima e Guianas, indicando solo pobre e queimado várias vezes ao ano.
7. Capim-canarana (Echinochloa polystachya e E. pyramidalis): presente em baixadas amazônicas temporariamente inundadas.
8. Capim-carrapicho, capim-amoroso ou olho-do-diabo (Cenchrus echinatus): quando aparece em grande quantidade, o solo é muito compactado, extremamente duro.
9. Capim-marmelada (Brachiaria plantaginea): presente em solo arado, deficiente em zinco.
10. Capim-natal, capim-favorito ou capim-gafanhoto (Rhynchelytrum repens): aparece em solo muito seco ou pedregoso. Em campos onde ele predomina, criam-se os gafanhotos-praga.
11. Capim pé-de-galinha (Eleusine indica): cresce geralmente na beira de caminhos, indicando um solo fértil, mas muito compactado.
12. Grama-missioneira (Axonopus compressus): indica solo muito ácido e pobre, mas pode estar sombreado.
13. Grama-seda ou grama-paulista (Cynodon dactylon): presente em solo muito pisoteado, por isso também é usado em campos de futebol.
14. Guanxuma (Sida rhombifolia): indica uma laje muito dura em pouca profundidade, como aquela causada pela irrigação ou chuvas em solos mantidos limpos (por capina ou herbicidas). É comum em plantações de batatinhas.
15. Inajá (Maximiliana maripa): palmeira que aparece em lavouras decaídas.
16. Jurubeba (Solanum paniculatum): é típica para a rebrota na Amazônia. Lá vale a regra: solo uma vez desnudado e exposto à chuva, a laje cresce até 7 centímetros abaixo da superfície. Em solo três vezes desnudado e exposto à chuva, a laje desce até 3 centímetros abaixo da superfície.
17. Capim-quicuio (Pennisetum clandestinum): indica solo fresco.
18. Maria-mole ou berneira (Senecio brasiliensis): indica solo fresco a úmido na primavera.
19. Capim-rabo-de-burro ou cola-de-zorro (Andropogon spp.): indica camada impermeável em 80 a 100 centímetros de profundidade.

Download do arquivo com imagens das plantas.

Este arquivo não é da Primavesi mas tem algumas indicações de plantas também. Talvez interesse a vocês: link.

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