O papel nocivo dos açúcares e das farinhas refinadas
Trecho do livro "Déficit de Atenção Tem Solução" de Carin Primavesi:
O PAPEL NOCIVO DOS AÇÚCARES E DAS FARINHAS REFINADAS
Embora o açúcar seja atualmente um produto tradicional na mesa da maioria dos povos, ele é um inimigo da saúde. Os açúcares e os alimentos que se convertem rapidamente em açúcares, como, por exemplo, as farinhas refinadas, podem aderir permanentemente às proteínas do organismo e a outras partes do corpo por um processo conhecido como glicação. No momento da adesão, há um pequeno mecanismo que provoca uma inflamação. Essa inflamação produz enzimas que decompõem as proteínas. As moléculas de açúcar aderem também às artérias, às veias, aos ossos, aos ligamentos e ao cérebro! O açúcar, conforme a quantidade que ingerimos, destrói as proteínas de todas as partes do corpo e também o colágeno da nossa pele, provocando as rugas. A glicação, que causa uma "caramelização" da proteína e sua consequente degradação, destrói igualmente a hemoglobina, proteína transportadora de oxigênio ao corpo. A falta de oxigenação do cérebro pode levar a problemas de raciocínio e memória.
A ingestão excessiva de açúcares, tanto refinados como mascavos ou orgânicos, e farinhas brancas, presentes em bolachas, bolos, guloseimas e salgadinhos, prejudica a formação da camada de lipoproteína (gordura + proteína), a mielina, além de destruir a proteína da mielina já formada. Em crianças, falhas na mielina podem ser associadas a sintomas de falta de atenção, baixa concentração e hipoatividade. Também podem ser crianças do tipo "pavio curto", que explodem a qualquer contratempo. Já repararam como esse tipo de comportamento aumentou muito nos últimos tempos? Como consequência de problemas na formação da mielina, poderemos ter crianças, adolescentes e adultos candidatos à infelicidade e ao insucesso, devido à falta de controle dos nervos. O açúcar é um grande destruidor da mielina.
Do xarope inicial da extração do sumo da cana-de-açúcar são retiradas fibras, proteínas, sais minerais, vitaminas e impurezas. O produto final é sacarose pura e concentrada. Quando consumimos um produto extremamente concentrado, como o açúcar, é exigida do organismo uma compensação química: são sequestrados minerais e vitaminas do metabolismo e das reservas. "Quanto maior a ingestão de açúcar, maior é a carência de cálcio, magnésio, ferro, vitaminas B e outros. O açúcar age como descalcificante, desmineralizante, desvitaminizante e causador de desequilíbrios metabólicos", alerta Conceição Trucomi. Isso independe de se o açúcar ser orgânico, branco ou mascavo.
O açúcar necessita das vitaminas do complexo B para sua digestão, provocando muitas vezes sua deficiência no corpo e afeta diretamente o sistema nervoso, que também necessita desse complexo. Vitaminas do complexo B são fundamentais para a saúde cerebral, pois estão envolvidas na formação da dopamina e serotonina, importantíssimas na manutenção do humor e da acuidade mental. A deficiência da vitamina B12 pode causar lesões às células nervosas, perda de memória e baixa eficiência mental. A vitamina B12 é importante também na formação da mielina. A falta das vitaminas do complexo B também diminui muito a resistência do organismo, que fica mais suscetível a contrair doenças em geral. O açúcar enfraquece os sistemas de defesa do corpo contra vírus, bactérias, fungos e outros: "Duras horas depois da ingestão de 100 gramas de açúcar, a atividade dos neutrófilos, nossas armas contra as bactérias e afins, cai pela metade", alerta Yang.
Ao contrário do que se crê, açúcar refinado não gera energia nem tem nutrientes. O consumo de doces e bebidas adocicadas é prejudicial ao perfeito funcionamento do nosso metabolismo. Renato Amaral mostra o que acontece no organismo:
Após a ingestão de alimento pobre em fibras e rico em sacarose (açúcar refinado), uma grande quantidade de glicose chega ao sangue em pouco tempo. O nível de açúcar no sangue fica muito elevado. Sente-se um bem-estar momentâneo que dura de dez a quinze minutos. Esse pico de glicose superestimula o pâncreas, que libera insulina (hormônio que "queima" o açúcar) bem mais do que o necessário. O excesso de insulina causa hipoglicemia (o nível de açúcar no corpo fica muito abaixo do normal), o que faz nosso rendimento intelectual cair, pois a glicose é o único combustível do cérebro. O cérebro, assim privado de sua principal fonte de energia, entra num processo de depressão, que se manifesta como enxaqueca e um tipo específico de labirintite (distúrbio do ouvido interno que gera tonturas e náuseas).
Nossas avós já diziam, sem conhecimento científico, mas pela sua experiência, que com excesso de açúcar a pessoa se torna um bobo alegre. O cérebro assimila muito mais facilmente as moléculas simples da glicose do que as moléculas complexas do amido dos grãos integrais, por exemplo. Assim, o cérebro é alimentado rapidamente e produz o hormônio da alegria, a serotonina. Sente-se um bem-estar momentâneo, mas que logo acaba. É necessário ingerir açúcares complexos, os verdadeiramente benéficos, presentes nas verduras, nos legumes, nos cereais integrais e nas frutas. As fibras desses vegetais suprem o cérebro e os músculos lenta, constante e prolongadamente com glicose, sem os altos e baixos da dieta rica em açúcar refinado. Também protegem o pâncreas, os vasos sanguíneos e o cérebro.
Crianças que comem muitos doces acabam ficando com o sistema nervoso debilitado. Isso se vê facilmente, pois essas crianças choram por qualquer coisa, não conseguem se concentrar, ficar quietas, sentem-se fracas, acham-se pouco consideradas e acabam sendo consideradas hiperativas.
No século XVII reconheciam-se os ricos pelos dentes podres, porque somente os abonados tinham condições de adquirir o açúcar, preciosidade que era guardada num cofrinho de prata com fechadura e chave. O resto do povo vivia muito bem sem essa doçura. Nos Estados Unidos, em 1830 consumiam-se 5 quilos de açúcar por pessoa/ano; no ano 2000 o consumo anual per capita era de 70 quilos.
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