sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Se em 50 anos conseguimos destruir tanto, será que a vida superior na Terra conseguirá sobreviver nos próximos 100 anos?

Trecho do livro "Pergunte ao Solo e às Raízes" de Ana Primavesi:

"A tecnologia avançada expulsou a população do campo. Dos 75% a 80% que viviam no campo em 1950, restaram 2% nos Estados Unidos, 6% na Europa, 20% no Brasil e 45% na Rússia e, provavelmente, também na China. O resto da população foi expulso pela mecanização e pelos herbicidas. No hemisfério Norte, foi a indústria que os recebeu de braços abertos. No hemisfério Sul, as favelas. Não que faltassem alimentos. Num mundo em que 75% dos cereais e 80% da soja vão para a alimentação animal, não se pode acreditar que falte comida. O que falta é poder aquisitivo ou, como se diz atualmente, faltam educação e empregos para ganhar esse poder aquisitivo.
A previsão oficial da FAO (2014) é que haverá sempre mais famintos, sempre mais pessoas em miséria absoluta, sempre mais destruição ambiental. É o fim da vida superior à vista. Se em 50 anos conseguimos destruir tanto, será que a vida superior na Terra conseguirá sobreviver nos próximos 100 anos? Certamente não com a atual política neocapitalista globalizada, nem com reforma agrária ou sem ela.
Existe um caminho, mas somente um. Recuperar os solos (com cobertura vegetal adequada) para que produzam alimentos sadios, com o mais alto valor biológico. E esse valor existe somente quando as culturas estiverem sadias. Não somente livres de parasitas, graças ao uso de defensivos químicos, orgânicos ou de inimigos naturais. Plantas defendidas permanecem doentes, com baixo valor biológico, não importando o grau de toxidez do defensivo. Plantas sadias não são atacadas por pragas e doenças/patógenos e não necessitam ser defendidas. Deste alimento com elevado valor biológico, não se necessitam 3.000 ou 4.000, ou até mesmo 6.000 quilocalorias por dia, mas somente 800 a 1.000 kcal/dia. Quer dizer, com ⅓ de calorias e do dinheiro, ficamos bem nutridos. Como provaram os alemães que, com uma ração de 800 kcal/dia que recebiam depois da 2ª Guerra Mundial, conseguiram reconstruir seu país e fazer dele a quarta economia do mundo".

Clique aqui para entrar no grupo no WhatsApp "Agroecologia Primavesi".

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