Hoje em dia, acham que a cidade é o máximo e o cidadão urbano fala com desprezo do camponês
"A maioria das pessoas, hoje em dia, vive na cidade e praticamente não convivem com o campo. Mas a vida na cidade depende da vida no campo. Abraham Lincoln, um dos maiores presidentes norte-americanos, disse: 'Destruam as cidades e elas ressuscitarão. Destruam os campos, e as cidades desaparecerão'. Por quê? Porque o campo fornece água e comida. A cidade apenas aproveita o que o campo produz, e se o campo vira deserto, não há mais possibilidade de vida humana. Com o solo, vive e morre o homem.
Hoje em dia, acham que a cidade é o máximo e o cidadão urbano fala com desprezo do camponês. A cidade pode ser rica e produzir mais riquezas, mas alimentos e água ela não pode produzir, mesmo com todo o seu dinheiro. E as cidades crescem e ocupam os campos, na vã ideia de que são autossuficientes. Dizem que podem produzir alimentos industrialmente, em larga escala. Não podem, o que podem é somente enlatar e beneficiar alimentos, mas produzir NUNCA. As pessoas das cidades não sabem mais lidar com a terra. Se o agricultor usa muito veneno, porque seu solo está decaído e duro, ele produz apenas muitas doenças, e a população urbana não tem escolha: apesar de poder comprar um produto grande e bonito, ele não possui mais os nutrientes necessários para uma boa saúde, é somente um invólucro. Mesmo tentando uma alimentação saudável, as pessoas ficam doentes, porque se a planta está deficiente, o solo também está. E quem se alimentar das plantas doentes terá uma nutrição deficiente.
Os animais e homens que se nutrem das plantas com doenças não podem ter saúde porque não recebem mais nem os minerais que necessitam, nem as substâncias básicas para o funcionamento do seu metabolismo. Esses venenos são cada vez mais tóxicos para matar os insetos resistentes aos defensivos em uso. Trata-se de uma guerra cada vez mais desesperada na qual os insetos, aparentemente, irão vencer os homens. E aparecem também cada vez mais doenças vegetais, animais e humanas, especialmente viroses, antes praticamente desconhecidas e outras doenças novas.
Finalmente, vida e morte, saúde e doença dependem do campo, do solo, e não do serviço médico, dos hospitais, dos remédios, da indústria farmacêutica. Estes somente existem porque o campo decaiu, e a alimentação não é mais o "remédio natural". O habitante urbano nem sabe mais que o alimento vem do campo. Muitos acham que nasce nas prateleiras dos supermercados, já ensacados, ou que a água brota nas torneiras. Podem negar ou ignorar o campo, mas é de lá que ele vem de qualquer jeito. Isso, nossa ignorância não muda.
Quem vive nas cidades acredita que o mundo inteiro é igual, porque uma cidade não se distingue muito de outra cidade do ponto de vista do estilo de vida. Mas o trabalho do campo é diferente, conforme a região e o clima, as possibilidades que oferece e as estações do ano... [...]"
Marcadores: Ana Primavesi, Virgínia Knabben
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