sexta-feira, 19 de agosto de 2016

A chave para a humanidade superar o machismo está no entendimento profundo e arquetípico do feminino

A chave para a humanidade superar o machismo está no entendimento profundo e arquetípico do feminino. Masculino e feminino não são características exclusivas de homens e mulheres respectivamente. Todo homem guarda uma mulher dentro de si e toda mulher possui um homem dentro dela. Isto vai muito além da sexualidade e do papel social historicamente estabelecido para os gêneros. Os antigos chineses explicaram este profundo entendimento pelo Tao, mostrando que o yang tem o yin dentro dele e o yin tem o yang em seu interior, mas ambos se abraçam. Os indianos nos legaram os mistérios do tantra, entendendo a energia masculina como Shiva e a feminina como Shakit e ambas se interpenetram no processo de despertar da kundalini. Os egípcios entendiam que as forças da natureza sempre tinham dois pólos: feminino e masculino, um conhecimento que os gregos herdaram e simbolizaram graficamente pelo caduceu de Hermes, no qual as duas serpentes se cruzam para em seu nível mais elevado unificarem-se e ganharem asas. Na cabala, os pilares da severidade e misericórdia também simbolizam essa dualidade e no hermetismo, os princípios da polaridade, gênero e dualidade representam em última instância a ideia de que a unidade subdivide-se no binário para se completar no ternário. Tudo isto pode parecer excessivamente abstrato, mas quando aplicamos estes princípios na vida, os resultados são fascinantes. Equilibrando os opostos, obtemos relações mais harmoniosas e tudo na vida flui melhor. Ocorre que, por motivos de natureza histórica, econômica, política e teológica, o feminino foi massacrado, reprimido e rechaçado. As religiões monoteístas reafirmaram o sagrado masculino, mas relegaram ao feminino um papel de subordinação à autoridade do homem, ficando ao "deus único" características puramente masculinas. Do ponto de vista político, as mulheres foram tiradas do centro, pois as decisões estatais deveriam obedecer ao patriarcado no qual o homem lega a propriedade da herança a seu sucessor homem. Essa distropia desequilibrada faz com que a sociedade capitalista consiga erguer arranha-céus, mas sofra para compreender a importância da preservação da natureza. Quando tal contradição posta atinge o nível pessoal, a situação fica ainda mais complexa. O homem acha que para ser "homem" ele precisa ser o que a sociedade interpreta como "macho" e a mulher acha que para vencer a opressão, ela deve ser "macha". Resultado: o desequilíbrio permanece e o próprio feminino se confunde, se oculta e se auto-reprime por imposições externas. Ou seja, sem querer apresentar uma fórmula simples para um assunto complexo, creio que o caminho seja recuperar aquilo que os antigos nos legaram e colocá-los em prática: a harmonia entre polaridades e gênero. O homem, antes de buscar uma mulher fora de si, deve harmonizar-se com a mulher dentro de si e a mulher deve fazer o mesmo com seu homem interior. Talvez assim fique mais fácil de entender que o machismo socialmente estabelecido e o feminismo sectário são extremismos que clamam por um ponto de equilíbrio. Tal equilíbrio alcançado interiormente manifestar-se-á socialmente num amplo e coletivo aprendizado, que devolverá aos homens e mulheres os mistérios da terra, da água, da lua e da mãe-natureza.

Thomas de Toledo

Marcadores:

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial