sábado, 26 de dezembro de 2015

Terapia da Rejeição

O medo é uma das emoções humanas mais fortes e básicas. Porém, um homem decidiu conquistar seu medo de rejeição sendo rejeitado todos os dias – de propósito.
A evolução de Jason Comely, um freelance de TI de Cambridge, Canadá, teve a ideia em uma noite triste há vários anos. “Naquela sexta-feira, eu estava no meu apartamento tentando me manter ocupado”, disse Comely. “Mas, na verdade, eu sabia que eu estava evitando as coisas”. Nove meses antes, a esposa de Jason o havia deixado. “Ela encontrou alguém que era mais alto do que eu era – tinha mais dinheiro do que eu tinha”.
Desde então, Jason se afastou da vida. Ele não saía e evitava falar com as pessoas, especialmente mulheres. Mas, naquela sexta-feira, percebeu que esta abordagem estava custando caro. “Eu não tinha para onde ir e ninguém com quem sair”, admitiu. Ele começou a chorar e percebeu que estava com medo. “Eu me perguntei, ‘Com medo de quê?’. E pensei, ‘Eu tenho medo de rejeição'”.
Isso o levou a pensar sobre a Spetsnaz, uma unidade militar de elite russa com um regime de treinamento muito intenso. “Eu ouvi falar de uma situação em que eles estavam trancados em uma sala sem janelas, com um cão muito bravo, armados com uma pá, e apenas um deles sairia dali – o cão ou o Spetsnaz”. E isso lhe deu uma ideia: talvez ele pudesse de alguma forma usar a abordagem rigorosa da Spetsnaz contra o seu medo.
“Eu tinha que ser rejeitado pelo menos uma vez a cada dia por alguém”. Ele começou no estacionamento de sua mercearia local. Foi até um total estranho e o convidou para um passeio pela cidade. “E ele olhou para mim e apenas disse, ‘Eu não estou indo para este lado, amigo'”. Ao agradecer pela gentileza do estranho, pensou: “Eu consegui! Fui rejeitado!”.
Jason tinha invertido totalmente as regras da vida. Ele se apropriou da rejeição e a tornou algo que desejava, para que ele pudesse se sentir bem quando passasse por esta situação. “Era como viver debaixo d’água ou algo assim. Era uma realidade diferente. As regras da vida tinham mudado”.
Sem saber, Jason tinha usado uma ferramenta padrão da psicoterapia chamada terapia de exposição. Você se força a ser exposto a exatamente a coisa que você teme e, eventualmente, reconhece que a coisa que você teme não está te machucando. Você se torna insensível. Esta técnica é usada no tratamento de fobias, como medo de voar.
Jason continuou à procura de rejeição. E, à medida que continuava com seu experimento, descobriu que as pessoas eram mais receptivas a ele, e ele também ficava mais receptivo às pessoas. “Eu era capaz de abordar as pessoas, porque o que elas poderiam fazer, me rejeitar? Ótimo!”.
Foi aí que Jason teve outra ideia. Ele anotou todas as suas tentativas de rejeição, coisas como: “Convide um estranho para um passeio, mesmo se você não precise de um”. “Antes de comprar alguma coisa, peça um desconto”. “Peça uma bala de menta para um estranho”. Ele imprimiu as frases em um baralho de cartas e começou a vendê-las online.
Lentamente, o jogo Rejection Therapy virou um pequeno fenômeno cult, com pessoas jogando por todo o mundo. Entre os jogadores, Jason foi contatado por um professor do Colorado, um massagista de Budapeste, um programador de computador do Japão e até mesmo uma viúva russa. Ela está usando a terapia da rejeição para conseguir encontros.
Cartas de baralho do jogo. Elas pedem que os jogadores sentem ao lado de um estranho e puxem conversa; desafiem um estranho para um “pedra, papel, tesoura, lagarto e Spock” e liguem para seu cartão de crédito e peça por uma taxa menor de juros

Cartas de baralho do jogo. Elas pedem que os jogadores enviem uma ideia de produto para o reality show Dragons’ Den; convençam um estranho de que o conhecem e peçam por um desconto antes de comprar algo

“Isso é muito legal. Há uma babushka de 80 anos jogando Rejection Therapy”, diz o criador da brincadeira.
Então, o que Jason aprendeu com tudo isso?
Que a maioria dos medos não são reais na maneira que achamos que eles são. Eles são apenas uma história que você conta a si mesmo, e à qual você pode optar por parar de repetir.
“Não se preocupe em tentar ser legal”, diz Jason. “Basta chegar lá e ser rejeitado, e às vezes a coisa vai ficar feia. Mas tudo bem, porque você vai se sentir bem depois”, garante. “Vai ser: ‘Uau. Eu desobedeci o medo!'”. 

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