Regras básicas da ação dos minerais na nutrição das plantas
Nitrogênio – N
É este o único e verdadeiro alimento da planta, que é diretamente transformado em proteínas, substâncias vivas dos vegetais. É o nitrogênio o direto antagonista do fósforo, formando com ele o chamado “N-P compound”. Se um elemento se encontra com outro num “compound”, isso quer dizer que eles se acham em estreitas relações mútuas, e a falta de um desses elementos provoca infalivelmente a ação anormal do outro. O nitrogênio é geralmente deficiente em nossos solos, pobre em matéria orgânica.
Fósforo – P
O fósforo pode ser considerado como o “fator de crescimento”. É o principal agente da divisão das células, da qual depende o crescimento. Os fios dos núcleos celulares são excepcionalmente ricos em fósforo. Se for deficiente o fosfato, a divisão ou multiplicação das células se torna muito restrita e por isso o crescimento quase se paralisa e as plantas ficam pequenas e fracas.
Potássio – K
O potássio não pode ser considerado como alimento no sentido próprio, mas constitui o transportador e catalisador de outros minerais na planta. Sendo indispensável na produção do açúcar vegetal (a glicose, produto da fotossíntese nas plantas), pode ser considerado o mais poderoso catalisador. Além disso, atua como transportador, e com isso, regulador do equilíbrio mineral na planta, contribuindo muito para a saúde vegetal.
O potássio forma o “compound” de P-K, bem como, de outro lado, o “compound” K-Mg-Ca-B. Isso significa que na atuação do potássio tem de se considerar sempre os outros elementos dos seus “compounds” para compreender perfeitamente as razões de muitas “moléstias” misteriosas.
O “compound” P-K controla a produção do açúcar. Havendo falta de fosfato, o potássio exagera tanto a produção de açúcar queaparecem anormalidades no crescimento da planta, as quais lhe dão a aparência dum excesso considerável de potássio, como indica, por exemplo, a descoloração purpúrea das folhas.
O “compound” K-Mg-Ca-B controla o próprio crescimento e a vida vegetal. Sem este complexo de minerais, não há vida vegetal, nem animal, nem humana. Poderíamos denominá-lo o “compound da vida”. A falta de um desses elementos provoca a realização anormal das funções da planta. O que, por exemplo, parece um excesso de cálcio é de fato a falta de outros elementos, geralmente do potássio. O antagonismo dos minerais deste “compound” é muito pronunciado, tendo predominância o potássio, depois o magnésio e por último o cálcio e o boro.
Magnésio – Mg
O verde das plantas é devido ao magnésio. Ele não somente regula o balanço do ferro de diferentes valências, mas também (e isto é de magna importância) é essencial para a clorofila.
A deficiência de magnésio sempre pode ser observada quando o tempo está quente e seco, ao contrário do potássio, que especialmente demonstra a sua deficiência em tempos chuvosos e frios. O frio pode restringir tanto a assimilação do potássio que sua deficiência é denunciada pela planta. Os sintomas da carência de potássio e magnésio são tão estreitamente ligadas que muitas vezes aparecem misturados. Se encontramos folhas encrespadas e com mosaico podemos dizer, com certeza, que a deficiência de magnésio é tão pronunciada que perturba o equilíbrio do “compound”.
Cálcio – Ca
É um elemento quase sempre deficiente em nossos solos porque o carbodióxido dissolve com facilidade as ligações de cálcio no solo, expondo-o à lavagem pelas águas pluviais.
O cálcio faz parte das paredes celulares onde atua, em parte, como cimento, e em parte, como peneira, filtrando os outros elementos quando passam para o interior das células.
O cálcio é o mais sensível elemento do “compound”. K-Mg-Ca-B e a maioria dos distúrbios resultam do seu desequilíbrio. Por outro lado, a sobrecalagem dum solo é muito facilmente feita, especialmente nos solos arenosos, o que provoca um sério desequilíbrio no domínio do potássio e do magnésio, surgindo muitas vezes uma clorose pronunciada. Ao contrário, uma adubação forte com potássio logo provoca uma deficiência tão pronunciada em cálcio, que a cultura inteira pode apresentar um crescimento anormal dos pontos vegetativos a até a morte das partes. A chamada “queima das folhas” é provocada pelo excesso em K e carência de Ca. A deficiência em cálcio se torna muito acentuada depois de chuvas prolongadas em solos ácidos. Às vezes, em solos menos ácidos, a deficiência de cálcio pode desaparecer depois de um tempo chuvoso, o que indica encontrarem as raízes da planta bastante cálcio ainda no subsolo.
Enxofre – S
O enxofre, apesar de muitas vezes se ignorar o fato, é um dos elementos que a planta consome em grande quantidade. Não é raro que as plantas tenham maior necessidade de sulfatos do que de magnésio, cálcio ou fosfato. O enxofre está quase sempre presente em forma de óxidos, como óxido de cálcio (gesso), óxido de potássio ou óxido de amônio; e sob a forma de ácido amínico, a “cistina”, ele faz parte das proteínas.
A razão porque uma deficiência em enxofre é muito raramente verificada está em que a maioria dos adubos o contém em abundância e que as águas pluviais e o próprio ar também o contém. Apesar disso, a carência de enxofre quase sempre se apresenta confundida com a de ferro ou magnésio e muito poucos têm conhecimento suficiente para distinguir as diversas carências apresentadas pela planta.
Muitas plantas, especialmente aquelas pertencentes às famílias das brassicáceras como a couve, o repolho, etc., têm um alto teor de enxofre que, quando em decomposição, o cheio de sulfato de hidrogênio que exalam é quase insuportável. Nesse caso, o teor de enxofre é bem mais elevado do que o do cálcio, do magnésio ou mesmo do fosfato.
Ferro – Fe
O ferro bivalente (+2) é um elemento do qual muito pouco necessita o vegetal. Geralmente em solos ácidos não há falta de ferro. Somente uma adubação forte com fosfato pode fixar o ferro tão completamente a ponto de determinar a sua deficiência.
Em solos neutros ou alcalinos a falta de ferro é bem mais comum e provoca o que geralmente se conhece como clorose. Até hoje ninguém sabe perfeitamente qual é o papel do ferro no metabolismo da planta: sabe-se apenas que, na sua ausência, a formação da clorofila é muito deficiente, podendo até faltar completamente.
Elementos raros
Apesar de constituírem somente pequeníssima parcela no teor das substâncias minerais de uma planta, têm os elementos raros importância igual à dos elementos principais.
Os mesmos apresentam-se geralmente no “compound” Zn-Mn e às vezes também no “compound” Zn-Mn-Cu, mas geralmente o cobre fica fora do “compound”, produzindo ação à parte.
Do boro já sabemos que faz parte do mais importante “compound” na nutrição vegetal. O molibdênio e o vanádio formam um “compound” à parte com o ferro.
Boro – B
A falta de boro, como também a dos outros elementos raros, verifica-se com maior frequência nos solos neutros e alcalinos porque são ligados em conjuntos insolúveis.
Em solos ácidos, esses conjuntos se desfazem, libertando os elementos. Mas sendo o boro especialmente sujeito a fácil lavagem, também falta frequentemente nos solos ácidos, decaídos. Principalmente quando o tempo está seco e quente a deficiência de boro se mostra mais acentuada causando muitos danos. Em anos mais chuvosos, o mesmo solo – onde, num ano seco e quente, a cultura ficou perdida por falta de boro – apresenta aspecto duma cultura bem sã e normal.
O boro é estreitamente ligado à função do cálcio e o balanço B-Ca, muito frágil, foi reconhecido como excitante dos pontos de crescimento.
Zinco, Manganês – Zn, Mn
São catalisadores, atuando no crescimento das plantas. O manganês influi visivelmente na distribuição direta dos outros minerais na planta e atua na oxigenação enzinal.
São bem conhecidas as “doenças” causadas pela falta desses elementos raros, mas por enquanto o papel por eles desempenhado não foi ainda exatamente definido. Eles quase sempre aparecem em conjunto e raramente se pode encontrar uma ou outra deficiência independente. O característico comum a todos elementos raros é que, quando em maior quantidade, atuam como fortes tóxicos vegetais.
Cobre – Cu
Torna-se sempre deficiente quando aplicamos um excesso de húmus ao solo e pode-se ter como regra que “quanto mais húmus existir, tanto mais cobre será necessário à planta.” Isto é facilmente explicável porque o nitrogênio-cobre é um “compound” em que esses dois elementos atuam como antípodas (opostos). O cobre é o componente que dá firmeza à planta. Sabendo-se que o nitrogênio provoca um aumento considerável no tamanho das células forçando o crescimento da planta, o cobre parece tanto mais valioso porque a planta não poderia permanecer ereta e vigorosa sem este elemento. Apesar disso, a solução de cobre para curar as consequências de sua carência não precisa superar mais ou menos 10g de cobre para 600 litros de água.
Molibdênio – Mo
É o estimulador dos nódulos-bactérias, especialmente do azotobacter, e desempenha, por isso, papel importante na assimilação do nitrogênio atmosférico, sendo empenhado também na absorção do amônio.
Vanadium – V
Muito pouco se conhece até hoje sobre este elemento. Por enquanto sabe-se apenas que a vida microbiana necessita dele em certo grau. Por isso, o vanádio só atua indiretamente na vida vegetal. Mas sabendo-se que um bom número de manifestações patológicas das plantas ainda não foram apuradas, pode acontecer de o vanádio venha a ser reconhecido como elemento responsável por uma delas.
Finalmente temos ainda de observar que a deficiência dos elementos para os vegetais não depende diretamente da carência absoluta. Assim, por exemplo, pode haver deficiência em nitrogênio em tempos úmidos e frios. Do mesmo modo, a insolação e a quantidade de carbodióxido são fatores que limitam a assimilação de nutrientes. É fato que as manifestações da deficiência numa planta só aparecem muito mais tarde que a deficiência propriamente dita.
Marcadores: Agroecologia, Ana Primavesi, Nutrição vegetal
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