quinta-feira, 22 de junho de 2017

Por muito tempo, acreditei que espiritualidade era ser "da luz" e procurava ser "do bem" em tudo. - Thomas de Toledo

Por muito tempo, acreditei que espiritualidade era ser "da luz" e procurava ser "do bem" em tudo. Mas a rigidez desse comportamento tornou a vida dolorosa, pois sacrificava meus desejos sempre pelo bem maior. Aí veio a queda e decidi ser "das sombras" sem medo de "fazer o mal". Os resultados dessa escolha foram ainda piores, pois não tinha mais parâmetros, mas apenas a vontade direcionada à realização de mesquinhos desejos pessoais na busca pelo poder. Até que um dia, chegou o entendimento sobre as ilusões que nos condicionamos ao acreditar na abstração da existência de um "bem absoluto" e de um "mal absoluto". Para compreender isto, foi necessário realizar um auto-sacifício. Pendurei-me em uma árvore, amarrado pelos pés, e comecei a ver o mundo de ponta cabeça. Tive uma visão de um altar onde havia à direita um bode preto e à esquerda uma cabra branca, e sacerdotes debatiam qual deveria ser sacrificado ao Deus da crença deles. Interrompi o ritual e disse a eles que nenhum dos dois seria sacrificado e que o sangue do bode e da cabra não poderia ser inutilmente derramado. Eles revoltaram-se contra a intromissão, mas eu era mais poderoso que aquele demente conselho sacerdotal e por mais que vociferassem contra a atitude, tiveram apenas de assisti-la. Enquanto eles debatiam se a maldade estava no bode preto ou na cabra branca, sabia que só diferenciamos o bode da cabra e o branco do preto pelo contraste e que luzes e sombras, cores e tonalidades, macho e fêmea nada têm a ver com bondade ou maldade. Mas não adiantava dizer isso a sacerdotes que pregavam "o bem" em público, mas faziam "o mal" em privado e que dependiam de repetir a palavra de velhas e carcomidas escrituras para manterem seus status social e seus nichos de micropoder. Quando deixava aquele templo, o sumo sacerdote segurou minha capa e ajoelhou-se pedindo que pelo amor do Deus dele, eu deixasse ao menos um dos animais para o sacrifício. Ele disse que quem eu escolhesse seria sacrificado. Sugeri ao conselho que sacrificasse o sumo sacerdote, sem preocupar-me em saber se fizeram ou não. Daquele momento em diante, jamais ocuparia-me do inútil debate sobre "bem" x "mal" e passei a integrar em plenitude a elevada natureza divina com a baixa natureza animal. Desde então, uma estrela de 5 pontas passou a brilhar sobre minha testa. Amarrei o bode e a cabra em uma balança, tracei um Círculo Mágico e invoquei a Deusa da Verdade e da Justiça, pronunciando seu nome e desarmando com palavras mágicas os 42 daimons que a antecedem. Ela apareceu graciosa no céu com suas duas asas e uma linda pluma sobre a cabeça, afirmando que de agora em diante eu deveria substituir a ideia de "bem" pela de "correto, justo e verdadeiro" e no lugar do maniqueísmo, fosse ético. Ela pediu-me que libertasse o bode e a cabra e presenteou-me com a pena de sua cabeça, dizendo-me que para alcançar a imortalidade, o coração de minha alma deveria ser tão leve quanto aquela pluma. Despertei-me da visão, com a clareza de ter vivenciado outra morte em vida. Era mais uma etapa de uma longa jornada iniciática.

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