terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Caetano Veloso e Chico Buarque - Você não entende nada / Cotidiano (ao vivo) 1972


Quando eu chego em casa nada me consola 
Você está sempre aflita 
Lágrimas nos olhos, de cortar cebola 
Você é tão bonita 
Você traz a Coca-Cola, eu tomo 
Você bota a mesa, eu como, eu como 
Eu como, eu como, eu como 
Você não está entendendo 
Quase nada do que eu digo 
Eu quero é ir-me embora 
Eu quero dar o fora 
E quero que você venha comigo 
E quero que você venha comigo 
Eu me sento, eu fumo, eu como, eu não aguento 
Você está tão curtida 
Eu quero tocar fogo nesse apartamento 
Você não acredita 
Traz meu café com suita, eu tomo 
Bota a sobremesa, eu como, eu como 
Eu como, eu como, eu como 
Você 
Tem que saber que eu quero correr mundo 
Correr perigo 
Eu quero ir-me embora 
Eu quero dar o fora 
E quero que você venha comigo 

Todo dia ela faz tudo sempre igual 
Me sacode às seis horas da manhã 
Me sorri um sorriso pontual 
E me beija com a boca de hortelã 

Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar 
E essas coisas que diz toda mulher 
Diz que está me esperando pro jantar 
E me beija com a boca de café 

Todo dia eu só penso em poder parar 
Meio-dia eu só penso em dizer não 
Depois penso na vida prá levar 
E me calo com a boca de feijão 

Seis da tarde, como era de se esperar 
Ela pega e me espera no portão 
Diz que está muito louca prá beijar 
E me beija com a boca de paixão 

Toda noite ela diz prá eu não me afastar 
Meia-noite ela jura eterno amor 
Me aperta prá eu quase sufocar 
E me morde com a boca de pavor 

Todo dia ela faz tudo sempre igual 
Me sacode às seis horas da manhã 
Me sorri um sorriso pontual 
E me beija com a boca de hortelã 

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