Plantas invasoras ou inços - Ana Primavesi
Plantas invasoras ou inços são plantas indesejadas no lugar onde aparecem. Assim, capim-colonião é invasor em cana de açúcar e mamona é no milho. Portanto, podem até ser plantas de cultura e não necessariamente plantas nativas.
Antes de combater uma invasora, deve-se considerar o seguinte: cada planta que aparece espontaneamente é um ecótipo. “Ecótipo” significa uma planta que se sente bem neste local porque encontra todas as condições que ela gosta e que lhe permitem crescer e multiplicar. Portanto, é uma planta que indica algo, uma planta indicadora. Pode indicar uma condição física como, por exemplo, terra dura, como o fazem o capim-seda ou a guanxuma. Pode indicar a falta de algum mineral nutritivo, como o fazem o Nabisco ou o nabo-brabo no trigo, avisando que falta boro e manganês, ou o amendoim-brabo na soja, que indica falta de molibdênio. Pode indicar terras alcalinas como a Artemísia o faz. Pode mostrar o excesso de algum nutriente, como o fazem a papoula, que indica o excesso de cálcio, e a samambaia, que somente cresce em terras com alumínio tóxico elevado. Pode indicar camadas duras no subsolo: assim, o capim-rabo-de-burro indica uma camada represante em 80 a 100 cm de profundidade, enquanto o capim rabo-de-coelho mostra uma camada represante mais superficial.
Se predominam beldroegas ou pertulacas, é porque há períodos de seca muito intensos. E onde dominam as juremas é seco mesmo, indicando uma região árida.
Assim, cada invasora indica alguma coisa: basta interpretar a mensagem. Mas ao mesmo tempo que indica alguma coisa, também é sanadora desta “irregularidade” que a natureza não considera normal. Portanto, cada invasora é também uma “planta sanadora”. Não acredita?
Bem, o que faz um agricultor que arruinou sua terra a qual não consegue dar mais colheitas compensadoras, nem com muito adubo, veneno e irrigação? Abandona a terra. E o que é abandono? É entregar a terra à “mãe natureza”, e esta a enche de plantas nativas, que nas lavouras eram consideradas invasoras. E estas, por sua vez, recuperam a terra. Conforme a situação e a região, a terra fica novinha em folha em oito, quinze ou vinte anos. Então, o agricultor a pega novamente para estragá-la, cultivando sem maiores cuidados.
Recuperam-se canaviais em declínio, sem esperança, simplesmente diminuindo o espaço de plantio de 1,5 a 1,0 m. O terço de terra que agora sobra entrega-se à natureza, que a cobre com rica vegetação nativa. Em três anos existirá aqui uma terra boa.
Em reflorestamentos no cerrado que não querem se desenvolver satisfatoriamente, deixa-se crescer em cada segunda entrelinha a vegetação do cerrado. Em três ou quatro anos, troca-se a entrelinha e derruba-se o cerrado crescido, deixando-o agora crescer na entrelinha alternativa.
Em terras agrícolas mais ou menos boas, aparecem invasoras pouco agressivas, como o picão-preto (Bidens pilosa), a beldroega (Portulaca oleracea), o mentrasto (Agarathum conyzoide), a erva-tostão ou pega-pinto (Boerhavia hirsuta), diversos carurus (Amaranthus spp), serralha (Sonchus oleraceus), arnica-do-campo (Porophyllum ruderola) e outras.
Em parte nem carece combate-las. Se não prejudicam a cultura nem dificultam a colheita, não se tem razão por que querer erradica-las. Assim, o picão-preto não prejudica a cultura de milho e a beldroega não faz mal à soja, nem dificulta sua colheita. No combate das invasoras deve sempre dominar o bom senso.
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